Por Raquel Soldera (da Redação)
Na madrugada do último domingo, 17, quatro ativistas da organização EligeVeganismo entraram em um criadouro de porcos, localizado a cerca de 40 quilômetros de Santiago, no Chile, onde mães e filhos são submetidos a uma vida de escravidão, destinados a morrerem nos próximos meses.
Dois filhotes de porco foram resgatados, libertados para sempre de uma vida miserável. Pela primeira vez os animais viram a luz do sol e cavaram a terra, sempre juntos, em um ambiente muito maior do que os 1,5 x 2 metros em que viviam, cujo espaço era dividido com cerca de oito companheiros que, lamentavelmente, não tiveram tanta sorte e continuam esperando pela morte no mesmo local.
Os animais de criadouros, mães e filhos, vivem em meio a lagos de fezes espessos, amontoados em espaços muito pequenos, alguns separados em gaiolas de metal que mordem repetidas vezes devido ao estresse a que estão sujeitos.
Outras áreas e galpões dos criadouros são condicionados a iluminação artificial para os recém-nascidos, onde as mães amamentam deitadas, sem qualquer possibilidade de realizar outro movimento.
Dentro dos próximos dias, os porcos resgatados chegarão à sua casa definitiva. Eles terão espaço para correr e brincar juntos.
Para os ativistas da EligeVeganismo, o resgate foi uma experiência maravilhosa, que lhes possibilita ver os animais se desenvolverem em liberdade durante o dia, fora da limitação de movimentos em que estavam, cavando, aproveitando a água e correndo livres. No entanto, é muito triste a realidade atual de milhões de porcos, que não têm qualquer oportunidade de desfrutar plenamente de suas vidas.
Os porcos são inteligentes, curiosos e sociáveis, cheios de energia, como qualquer animal.
“Todos os animais se veem refletidos na potencialidade de liberdade deste resgate, nesta mudança drástica em suas vidas e, portanto, acreditamos que a realização de resgates é um ato de justiça para aqueles que não têm chance de se defender por si mesmos”, disseram os ativistas.
Os resgates abertos são formas de libertação bem conhecidas em alguns países (um bom exemplo é o site rescateabierto.org, da organização espanhola IgualdadAnimal). No entanto, no Chile não haviam precedentes deste tipo de ação.
“Decidimos realizar resgates com a cara descoberta por uma dupla dimensão, defendendo a mudança radical na vida destes seres e também levando uma mensagem que abertamente questiona a hierarquia de valores em nossa sociedade: uma sociedade onde a vida ocupa um segundo lugar diante da propriedade. Onde os interesses dos animais, mesmo aqueles mais básicos, são ignorados, e estes seres são explorados apenas para cumprir as expectativas financeiras”, disseram os ativistas.
Um resgate aberto não só significa liberdade, mas significa também enfrentar sem medo e com convicção aqueles que pensam que os animais são objetos negociáveis, para tentar mostrar que eles também sentem dor, frustração, ansiedade e desejo de vida, e o que fazemos para atender a essas expectativas é, contra qualquer lei ou visão tradicional, um ato de justiça.
“A única coisa que nos impede de realizar mais ações deste tipo é um lugar para os animais. Se você tem espaço para receber os próximos animais escravos resgatados de fazendas próximas, ou conhece alguém que pode, por favor escreva para [email protected]. Os animais agradecerão”, finalizaram os ativistas da organização chilena EligeVeganismo.