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TENSÃO

Pônei desmaia de medo e estresse durante bombardeios na Ucrânia

2 de abril de 2022
Bruna Araújo | Redação ANDA
4 min. de leitura
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Foto: Reprodução | AP Photo | Vadim Ghirda

Ativistas arriscaram as próprias vidas para salvar um pônei que ficou apavorado e imobilizado enquantos bombas russas atingiram os arredores de Kiev. Estressado, ele desmaiou. A equipe de resgate conseguiu colocar o animal em um trailler e retirá-lo da zona de bombardeios em segurança. Muitos animais de grande porte foram deixados para trás, à própria sorte, correndo risco de morte.

Crueldade

Ativistas em defesa dos direitos animais denunciaram ao Ministério das Relações Exteriores da Ucrânia (MFA) que tropas russas atearam fogo em um estábulo e mataram cruelmente mais de 30 cavalos. “Quase todos os cavalos foram queimados vivos em um estábulo em Hostomel, enquanto invasores russos o incendiaram. Apenas alguns deles escaparam”, disse o MFA em um comunicado.

Uma mulher que se apresentou como responsável pelos animais afirma que foi expulsa de sua casa e que, quando tentou soltar os animais, para que eles tivessem a oportunidade de fugir e tentar sobreviver, foi informada pelos soldados que os animais seriam mortos e se ela não saisse do local, teria o mesmo destino. Ela fugiu assustada e dias depois soube do incêndio.

No local, viviam 32 cavalos, apenas dois sobreviveram.

Foto: Reprodução | AP Photo | Vadim Ghirda

Denúncias frequentes

O Ministério das Relações Exteriores da Ucrânia postou em seu Twitter (@MFA_Ukraine) as denúncias de ativistas pelos direitos animais que o exército russo está mirando propositalmente em zoos e abrigos de animais ucranianos. Há muitos cães e gatos feridos presos embaixo de escombros. De acordo com as denúncias, os russos também cortaram o fornecimento de energia elétrica de zoos e abrigos e sem o aquecedor, muitos animais estão sofrendo de hipotermia e morrendo.

Ativistas e representantes de abrigos disseram ao Ministério que estão sobrecarregados e que seus telefones pessoais não param de tocar com pedidos de resgate. Muitos voluntários optaram por arriscar a própria vida para ficar na Ucrânia cuidando dos animais, mas não há pessoas o suficiente para atender todas as demandas. Há cães, gatos e coelhos que foram deixados sozinhos em casa pelos tutores que fugiram da guerra e estão sofrendo com o frio e a fome. Outros foram atingidos por bombas.

Ataques covardes

Bombas russas atingiram dois abrigos, um em Gorlovka e outro em Donetsk, ambos no leste da Ucrânia. Não há estatísticas oficiais, mas segundo informações do Fundo Internacional para o Bem-Estar Animal (IFAW), muitos cães e gatos morreram, as estruturas dos locais sofreram sérios danos e muitos animais, apavorados, fugiram. Voluntários estão se dividindo entre resgatar os animais que correram em direção a zonas de confronto e cuidar dos animais que ficaram feridos com estilhaços.

Foto: Reprodução | AP Photo | Vadim Ghirda

A IFAW afirma que destinou cerca de £ 114.000 em ajuda de emergência e pede que outras organizações internacionais enviem suprimentos e auxílio. James Sawyer, diretor da entidade, afirma que, infelizmente, não é possível enviar voluntários para ajudar presencialmente, o que, sem dúvidas, seria de grande valia nesse momento. “A coisa mais útil agora é fornecer recursos aos grupos locais. Não podemos colocar botas no chão, é muito perigoso”, disse ao The Mirror.

O abrigo Holivka, localizado em Gorlovka, acolhe aproximadamente 300 animais e foi gravemente afetado. “Os funcionários dos abrigos ainda estão no local e forneceremos recursos para que eles possam continuar cuidando dos cães. As condições são muito difíceis”, disse James, que está em contato direto com a equipe do local. Os voluntários que aceitaram arriscar suas vidas para proteger os animais contam que não há energia elétrica e não podem fazer fogueiras.

O abrigo Pif, em Donetsk, foi o que sofreu mais danos, com dezenas de cães e gatos mortos e muitos animais feridos. O local acolhe 800 animais e está lutado para se manter de pé. A maior preocupação dos voluntários é a falta de suprimentos. Com o dinheiro que receberam, eles conseguiram comprar poucos estoques de fornecedores locais, mas se a guerra se prolongar por muito mais tempo, os animais ficarão sem comida e medicamentos.

Foto: Reprodução | AP Photo | Vadim Ghirda

James afirma estar surpreso com os ataques russos, que não estão poupando hospitais e abrigos, zonas consideradas neutras. “É bastante incomum vermos abrigos de animais sendo atacados de forma gratuita e covarde. Eles não são particularmente um alvo de guerra”. Apesar das dificuldades, ele esclarece que não deixará de ajudar. “Estamos trabalhando duro globalmente nessa questão. Continuaremos muito comprometidos com os animais”, pontuou.

O clima nos abrigos é de tensão. Voluntários explicam que os cães e gatos mantidos nos locais estão desenvolvendo sinais de intenso sofrimento emocional e muitos estão buscando lugares para se esconder. Eles também sentem a tensão que envolve toda a equipe e estão extremamente introspectivos. “Queremos muito paz. Estamos extremamente cansados ​​mental e fisicamente”, finalizou uma voluntária.

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