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Policial mata com 11 tiros uma vaca grávida usada em feira de exposições

2 de agosto de 2010
5 min. de leitura
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Por Lilian Regato Garrafa (da Redação)
Quantas vezes ainda vamos ouvir falar de policiais perdendo a cabeça – e um monte de balas – quando se deparam com um animal? E o pior é que isso não acontece apenas em relação a cães.
Em Sacramento, nos EUA, está acontecendo a feira de exposições California State Fair. Este evento, anunciado como Big Fun (“um grande divertimento”), já se encontrava sob a mira dos grupos de direitos dos animais quando decidiu ter como atração um berçário de animais. Isso incluiria uma vaca dar à luz ao vivo diante de uma grande multidão. Uma atitude completamente desumana: mães em trabalho de parto precisam de calma e tranquilidade.

É bem provável que os organizadores da feira não tenham ficado satisfeitos com a repercussão negativa na imprensa, causada pela reação de tais grupos, mas eles sequer imaginavam o que viria em seguida.

(Foto: Reprodução/News10)

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Na terça-feira (27), a vaca prenha foi levada à feira para ser colocada em exibição. No processo de descarregamento, de alguma forma ela se soltou e se afastou para explorar a área. A polícia passou mais de uma hora perseguindo o animal ao redor do recinto de feiras. A vaca, estressada depois de ser perseguida por um carro, ficou muito assustada após uma arma com tranquilizante ter falhado. Um dos policiais, então, sacou sua arma e atirou nela. E não foi um único tiro, nem dois… foi um total de onze tiros. A vaca e seu bezerro, que estava para nascer no dia seguinte, morreram.

(Foto: Reprodução/News10)

Brian May, o diretor da exposição, tentou defender a ação extrema, alegando que milhares de pessoas “temiam por sua segurança”. Sério? Se uma vaca prenha está solta, disparar uma arma de fogo e meio a uma multidão é considerado seguro? Um vídeo do momento, filmado por um fornecedor, mostra a vaca vagando em meio a uma área praticamente vazia, e só se mostra agitada quando o carro começa a persegui-la bem de perto, uma reação que deveria ser esperada de qualquer animal. Assista à perseguição, segundos antes dos covardes disparos:

Dick Snider, um dos vários vendedores de feira que estavam se preparando para o dia, viu o confronto fatal e disse que não era necessário atirar. “Eu tentei convencê-los de que bastaria apenas pegar uma corda, aos poucos enrolar nela e levá-la de volta para o celeiro”. Snider viu a vaca passar por seu estande e confirmou que o animal não parecia agitado.

“Eu considerei o ato como cruel e excessivo. Fiquei verdadeiramente doente com aquilo”, disse o vendedor e técnico veterinário Nikki Sherman. “Se eles têm gado aqui, eles deveriam ser capazes de lidar com isso.”

(Foto: Reprodução/News10)

Os grupos de direitos dos animais fizeram um novo protesto no dia seguinte, data que se marcou pela morte em vez do esperado nascimento.

“Estamos todos absolutamente chocados e horrorizados que um péssimo tratamento aos animais como este tenha lugar em uma propriedade do Estado, sob a orientação da Escola de Veterinária da Universidade da Califórnia”, disse Jennifer Fearing, diretor sênior da Humane Society dos Estados Unidos.

(Foto: Reprodução/News10)

O grupo também está pedindo um fim às exposições de gado com animais gestantes.

“(As exposições) realmente são um anacronismo no âmbito de uma feira cujo foco é na verdade vender bolinhos e raspadinhas”, disse Fearing.

(Foto: Reprodução/News10)

No entanto, eles ainda planejam continuar com performances de nascimentos ao vivo na feira, o que é extremamente decepcionante. Sacramento havia dado um passo à frente com uma nova lei para proteger os animais forçados a se apresentar em exposições itinerantes, como circos e rodeios. É lamentável que haja maior preocupação com o bem-estar dos elefantes do que exposições de gado.

Com informações de Animals Change e News 10
Nota da Redação: Como se não bastasse o profundo desrespeito aos animais, que são expostos como objetos em uma feira, sofrendo contínuo estresse e confinamento para deleite humano, sacrifica-se uma vida, uma mãe às vésperas do parto, por simplesmente ter-se soltado do grupo. Um crime covarde e comprovadamente desnecessário, que merece não só uma severa punição, mas uma reflexão sobre todo este fútil processo de exposição de animais, principalmente aqueles destinados ao consumo humano – que de uma forma ou de outra serão violentamente mortos. A ANDA expressa sua mais profunda indignação quanto ao sofrimento desse animal e de tantos outros maltratados pelos humanos, e oferece, neste momento, a todos os leitores que compartilham dessa tristeza e revolta as palavras proferidas por Clarice Lispector, em sua última entrevista concedida à imprensa: “que morreu com treze balas quando uma só bastava… o primeiro tiro me espanta… o décimo-segundo tiro me atinge, o décimo-terceiro sou eu… eu me tornava Mineirinho, massacrado pela polícia… qualquer que tivesse sido o crime dele, uma bala só bastava… o resto era vontade de matar, era prepotência”.

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