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DIFERENÇAS GENÉTICAS

Pesquisadores descobrem quatro espécies de girafas espalhadas pelo continente africano

Antes apenas uma grande espécie era reconhecida, com algumas subespécies

18 de março de 2024
Júlia Zanluchi
3 min. de leitura
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Foto: Hans Hillewaert | Wikimedia Commons

Cientistas descobriram recentemente que as girafas podem não ser apenas uma espécie. Pesquisadores da Universidade de Copenhague, na Dinamarca, encontraram evidências sugerindo que pode haver na verdade quatro espécies distintas de girafas em toda a África.

Isso muda completamente compreensão que os especialistas têm das girafas. Reconhecer quatro espécies de girafas significaria desenvolver planos separados para proteger cada uma delas.

Anteriormente, todas as girafas eram reconhecidas como uma única espécie, Giraffa camelopardalis. A pesquisa forneceu fortes evidências genéticas de que todas as girafas são distintas o suficiente para serem classificadas como espécies separadas. Elas foram divididas entre girafa do Norte, reticulada, masai, e do Sul.

As girafas do Norte (Giraffa camelopardalis) têm manchas de cores mais claras. Elas são divididas em três subespécies, cada uma encontrada em diferentes localizações geográficas: girafa núbio, encontrada na Etiópia e no Sudão do Sul; girafa da África Ocidental, localizada no Níger; e a girafa de Kordofan, que habita Camarões, República Centro-Africana, Chade e possivelmente Sudão.

A girafa reticulada (Giraffa reticulata), também chamada de girafa somali, é conhecida por suas manchas marrons únicas com bordas brancas claras que parecem uma rede. Elas vivem no norte do Quênia, sul da Etiópia e Somália.

A girafa masai (Giraffa tippelskirchi) é a maior e mais escura de todas, com manchas em forma de estrelas que vão até os cascos. É possível encontrá-las no centro e sul do Quênia e em toda a Tanzânia.

As girafas do Sul (Giraffa giraffa) têm manchas redondas ou manchadas, que são mais irregulares e menos definidas do que as manchas da girafa reticulada. Elas ainda são classificadas em duas subespécies: a girafa sul-africana que habita o norte da África do Sul, sul de Botswana, sul do Zimbábue e sudoeste de Moçambique; e a girafa angolana, encontrada no norte da Namíbia, sul do Botswana, sudoeste da Zâmbia e oeste do Zimbábue.

Todos os grupos estão conectados e alguns até se misturam, como a girafa reticulada, que tem genes de ambos os ancestrais das girafas do norte e do sul. Os pesquisadores ficaram surpresos com essa conexão. “Quando começamos a receber resultados de nossas análises sobre o fluxo gênico entre diferentes linhagens de girafas, tivemos que conferir duas vezes”, lembrou Laura Bertola, uma pós-doutoranda do Departamento de Biologia e uma das autoras do estudo.

Essa mistura generalizada entre grupos de girafas complica como definimos uma espécie. Tradicionalmente, os cientistas pensavam que a partilha extensiva de genes só ocorria dentro de uma única espécie. Mas a história das girafas muda essa ideia.

Isso sugere que a quantidade de diferença genética pode não ser a maneira clara de identificar novas espécies como acreditávamos anteriormente. “Nossas descobertas tocam em um assunto muito delicado na biologia, ou seja, que não temos um conceito de espécie universalmente aceito”, disse Rasmus Heller, um dos autores.

Em vez de tentar determinar o número exato de espécies de girafas, o estudo visa destacar a fluidez do fluxo gênico entre as girafas, o que permanece possível sob as condições certas.

Essa descoberta é um divisor de águas para a proteção das espécies de girafas. Tradicionalmente, o foco era proteger espécies diferentes completamente. Mas este estudo enfatiza a necessidade de considerar também a variação genética dentro de uma espécie. Cada linhagem de girafa, independentemente de sua classificação taxonômica específica, possui uma composição genética única que merece proteção.

“As girafas são animais tão infinitamente fascinantes, e este estudo confirma o quanto de variação genética existe até mesmo em pequenas escalas geográficas”, observou Yoshan Moodley, um co-autor do estudo da Universidade de Venda, na África do Sul.

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