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ADAPTAÇÃO

Pesquisa mostra como os primatas com algum tipo de deficiência vivem na natureza

De acordo com o estudo, as mães desses animais são protetoras e não os abandonam, contrariando a ideia da seleção natural

19 de janeiro de 2024
Júlia Zanluchi
2 min. de leitura
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Foto: Alfonsopazphoto | Wikimedia Commons

Estudo de pesquisadores da Universidade de Concordia em Montreal, no Canadá, revela que macacos que nascem com algum tipo de deficiência conseguem se adaptar à sua dificuldade. Os dados indicam que a maior parte desses animais vivem por anos e conseguem fazer o que os outros macacos fazem, porém com alguma dificuldade.

Apesar de muitos dos primatas deficientes sobreviveram por muitos anos, existem exceções, especialmente aqueles nascidos com malformações graves, como um macaco japonês que nasceu sem membros. Mas, em geral, os primatas deficientes parecem viver tranquilamente. Isso é surpreendente, especialmente se você estiver imerso na biologia evolutiva. Podemos pensar na natureza como sendo “selvagem e implacável”, com a seleção natural podando impiedosamente quaisquer indivíduos ou espécies que não estejam adaptados ao seu ambiente.

Parte disso se deve ao fato de que os primatas vivem em grupos e recebem muitos cuidados de suas mães quando são jovens. Eles também são altamente inteligentes e adaptáveis. Como resultado, mesmo uma grande deficiência física, como a falta de um membro, não precisa ser desastrosa para um macaco.

A equipe de pesquisadores identificou 70 estudos que examinaram como os primatas se comportavam ao serem confrontados com deficiências. Havia 45 estudos descrevendo animais mostrando flexibilidade comportamental. Por exemplo, alguns chimpanzés com pernas paralisadas primeiro moveriam ambos os braços para a frente e depois balançariam as pernas para frente para encontrá-los, um passo que se assemelha à maneira como os humanos andam com muletas.

Outros 13 artigos descreviam primatas deficientes criando comportamentos completamente novos. Um macaco japonês chamado Ribbon, que tinha malformações nas mãos e nos pés, se alimentava batendo as pernas no chão para perturbar insetos na folhagem e depois pegava eles com a boca.

24 artigos relataram que jovens deficientes recebiam mais cuidados de suas mães ou outros membros da família. Pode-se imaginar, por motivos evolutivos, que uma primata fêmea abandonaria impiedosamente um filhote deficiente para ter outro filho com uma chance (supostamente) melhor de sobrevivência. No entanto, é raro as mães de abandonarem seus bebês. O macaco japonês nascido sem membros sobreviveu por quatro meses porque sua mãe cuidava dele. Estudos sugerem que mães primatas de bebês deficientes os mantêm por mais tempo, são mais responsivas aos seus chamados e levam os bebês cegos às fontes de comida e água.

Fora da família, outros membros dos grupos parecem tratar os indivíduos deficientes da mesma forma que todos os outros. “Eles não recebem benefícios extras. Não é como se os outros primatas pensassem, ‘eles são deficientes, vamos deixá-los forragear primeiro’, mas também não são excluídos ou realmente retirados do grupo”, diz Brogan Stewart, um dos autores da pesquisa.

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