Quedas bruscas na população de muitas espécies de peixes de corais podem estar ligadas a um excesso de machos, o que seria consequência direta da pesca.
Em muitas espécies, particularmente aquelas em que indivíduos podem mudar de sexo, cada peixe produz menos espécimes jovens à medida que a densidade populacional cai.
“É estranho porque, à medida que a densidade populacional cai, mais recursos deveriam estar disponíveis, e populações deveriam crescer”, diz Stefan Walker da Universidade James Cook, em Queensland, Austrália.
Para descobrir por que isso acontece, Walker marcou 232 peixes da espécie Parapercis cylindrica em uma lagoa na Grande Barreira de Corais, na Austrália, e seguiu seus movimentos e comportamento reprodutivo.
Os Parapercis cylindrica nascem fêmeas, mas se transformam em machos alguns anos depois, com haréns de 2 a 10 fêmeas. Walker observou mais mudanças de sexo em regiões onde as populações de peixes eram pequenas. Isso levou mais machos a cortejar menos fêmeas e a uma queda no número de ovos postos por metro quadrado de lagoa.
A descoberta, descrita na revista The American Naturalist, é aplicável para pelo menos 70 outras espécies de peixes de coral que mudam de sexo, incluindo muitas espécies normalmente capturadas por pescadores, diz Walker.
O estudo sugere que áreas de proteção marinha são uma estratégia melhor do que cotas para conservar populações de peixes. Áreas protegidas mantêm a densidade populacional enquanto que cotas permitem que as populações sejam reduzidas, aumentando a taxa de mudança de sexo.
Fonte: Folha Online