De acordo com a Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) e com a organização britânica Fish Count, pelo menos 970 bilhões de peixes selvagens são mortos por ano em decorrência da ação humana, e o total pode chegar a 2,74 trilhões.
Os números não incluem peixes pescados ilegalmente ou capturados em práticas não regulamentadas. Nem mesmo os peixes que são descartados posteriormente. “Se estes forem incluídos, o total aumenta em cerca de 16,6 a 33,3%”, informa o relatório da Fish Count. Além disso, de 37 a 120 bilhões de peixes são criados em cativeiro com a finalidade de abate, segundo o estudo “Estimating the Number of Farmed Fish Killed in Global Aquaculture Each Year”, de autoria de A. Mood e P. Brooke.
É uma estimativa surpreendente considerando que peixes são animais sencientes, inteligentes e sociais, segundo a bióloga estadunidense Sylvia Earle, a bióloga Victoria Braithwaite no livro “Do Fish Feel Pain?” e o pesquisador australiano Cullum Brown, autor do estudo “Fish Intelligence, Sentience and Ethics”, que defendem que peixes sentem tanta dor quanto os mamíferos.
Ainda assim, eles são submetidos à aquacultura terrestre ou oceânica com a finalidade de atender aos interesses humanos. Devido a essa prática, bilhões de peixes são criados em áreas de confinamento costeiras, tanques de concreto e piscinas. Como consequência da impossibilidade de circulação, eles acabam sofrendo em decorrência de infecções parasitárias, doenças e lesões debilitantes.
Para piorar, há um alto índice de mortandade na aquacultura, que pode chegar a 40% dependendo do sistema, já que os peixes são ainda menos resistentes ao confinamento do que os animais terrestres. Um fato preocupante também é que quando centenas de toneladas de peixes são capturados em redes de pesca, é comum eles sofrerem em consequência da descompressão, sufocamento ou esmagamento.
Nesse tipo de pesca, geralmente pega-se “acidentalmente” golfinhos, baleias, tartarugas e outros animais indesejados por parte da indústria. Se considerado inúteis comercialmente, são lançados de volta ao mar, mesmo feridos.
Outro ponto a se considerar é que o consumo de peixe pode elevar os riscos do aumento de exposição ao mercúrio, que pode acarretar problemas neurológicos, de acordo com o estudo “Nutrient and Methyl Mercury Exposure from Consuming Fish”, publicado no Journal of Nutrition da Universidade de Oxford. A pesquisa cita que no Japão o consumo de peixes contaminados com metilmercúrio, elevado pelo comprometimento das águas, já acarretou casos de doenças neurológicas, incluindo retardo mental e microcefalia.