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SOFRIMENTO

Peixes agonizam na lama com seca extrema no Pantanal

22 de outubro de 2021
Ana Cristina | Redação ANDA
3 min. de leitura
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Peixes agonizando em meio a lama de uma baía seca pantaneira. Esse é o acontecimento registrado pelo biólogo e produtor de conteúdo audiovisual, Luiz Felipe Mendes. No Mato Grosso do Sul, a fauna sofreu grandes mudanças, inclusive uma seca extrema, responsável pelo esgotamento de diversas bacias da Serra do Amolar.

Na semana do dia 24 de setembro deste ano, Mendes foi ao Pantanal gravar vídeos para um documentário alemão, que contará a história de extinção das espécies. No bioma, além de ver e registrar o vídeo dos peixes se debatendo, outros sentidos ficaram marcados. “Ali vemos a imagem, mas tem o som e o cheiro. Cheiro de morte, barulho dos peixes se batendo, é muito triste”, relembra em entrevista ao G1.

Foto: Luiz Felipe Mendes/Reprodução

O local é descrito pelo biólogo como sendo a Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN) Eliezer Batista. Sua primeira visita foi em 2018, onde registrou um Pantanal completamente diferente do visto em 2021. Neste ano, ele já sabia que encontraria um cenário ainda mais diferente dos anos anteriores.

A extrema seca, resquícios de queimadas e um ressurgimento tímido do bioma trouxe grande tristeza para Mendes. “Eu estou acostumado a ir ao Pantanal há muito tempo. Trabalho com filmagens de paisagens há vários anos. Meu foco sempre foi a beleza, o bonito, o Pantanal intenso, o Pantanal pleno. Participar da gravação deste documentário foi um choque muito grande. Eu já conhecia a região do Amolar, conheci em uma época que não estava na cheia, mas era cheio de vida. Dos pantanais que conheço, era o mais bonito em questão de paisagens, o que mais tinha água e refletia. Eu fiquei apaixonado. Voltar agora e ver estas condições, é muito triste”, conta ao portal.

Nos três primeiros dias de expedição, o produtor acrescenta que presenciar o cenário de perto e saber que “por conta das nossas atitudes o mundo está vivendo essa mudança climática que afeta a vida” foi algo muito doloroso.

O que será do futuro?

A resposta do biólogo vem em forma de alerta: “É importante mostrarmos para o pessoal que estas mudanças estão acontecendo. O choque é bem importante, porque corremos o risco de perder esta beleza. Temos que mudar os nossos hábitos para termos o Pantanal por mais tempo”.

Ainda de acordo com o G1, mesmo que as águas e chuvas voltem, os 4,65 bilhões de animais afetados com as queimadas no Pantanal podem não se recuperar totalmente. Outros 10 milhões morreram, afetando a diversidade biológica da região.

Foto: Luiz Felipe Mendes/Reprodução

“A baía que estava cheia de vida, os peixes morreram. Se a chuva demorar, os peixes colocam ovos, alguns podem conseguir retornar. 95% foram extintos. Onde era uma bacia cheia de vida, virou um deserto árido. Mesmo que as águas voltem, as vidas que foram perdidas não voltam mais”, explica Mendes.

Ao chegar em casa e remontar os vídeos e fotos tiradas da expedição, a tristeza ressurgiu novamente. “Nossas ações estão acabando com o bem que a gente tem. Isso é o registro no Pantanal, mas é reflexo do que está acontecendo na Amazônia, no Cerrado e em todos os biomas. É triste saber que talvez a minha filha não tenha o mesmo privilégio que eu tive”, finaliza.

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