Ontem participamos da 14a Parada livre de Porto Alegre, um evento que reúne pessoas de orientação homossexual, simpatizantes e um público imenso dos mais variados tipos em Porto Alegre.
A parada é um símbolo da alegria e irreverência do povo gay e afins, mas também é um sinal de protesto por asseguração de direitos e respeito.
Este ano eles afirmam que não têm o que comemorar, pedem para que aprovem o PLC 122, que considera homofobia um crime.
“Não temos uma lei neste país que garanta direitos aos homossexuais! Portanto, temos muito a lutar e pouco a festejar!”, dizia um panfleto entregue ao público que assistia, e que muitos jogavam no chão sem a menor cerimônia.
É inadimissível que ainda sejam negados alguns direitos básicos a estas pessoas. E espantoso que grupos religiosos se coloquem contra o projeto de criminalizar a homofobia, numa clara demonstração de discriminação e muitas vezes incitação ao ódio (como já assisti na TV aberta, em alguns programas religiosos).
Onde começa os direitos humanos não deveria terminar a “liberdade religiosa”? A mesma liberdade religiosa que assegura o sacrifício de animais. Lamentável.
É de se pensar que, em pleno ano 2010, ainda temos de prestar contas sobre nosso corpo, nossa orientação sexual, nossa opção alimentar, como se estivéssemos comentendo crimes. Como se estivéssemos errados.
Ainda temos que ver pessoas penando em postos de atendimento de saúde, simplesmente pelo preconceito de serem diferentes do resto.
Quando atos de preconceito acontecem com travestis, lésbicas e gays, não é apenas a liberdade deles que é cerceada, é a liberdade de todos nós. Pois, ao permitir que reacionários e outros tipos de atrasados imperem com ideias perigosas, estamos minando o desenvolvimento de valores coletivos maiores e benéficos a todos.
Recentemente têm aparecido os grupos neonazistas do terceiro mundo (sim, não é piada! Existem grupos neonazistas aqui, no terceiro mundo, palco das discriminações no passado por parte de outros países), para ameaçar, intimidar e mostrar suas ideias distorcidas. Surgem sempre dos cafundós do interior, pixam as ruas de cidadezinhas do fim do mundo. Acham que assim estarão fazendo a honra de alguém que, se estivesse vivo, lhes daria as costas e talvez os colocasse na mesma situação de discriminação. Não é curioso? Não é perverso? Que justamente aqui, onde a maioria maciça tem sangue mestiço, onde a diversidade de culturas e línguas é algo comum a praticamente todos, existam os tais grupos que odeiam negros, gays e outros?
A causa que grupos LGBT defendem é semelhante à causa que defendemos. Lutar por direitos animais, por direitos humanos é uma luta muitas vezes solitária, que começa aos poucos, como eles começaram. Sozinhos, sem ter com quem falar, foram aos poucos se organizando, conquistando avanços como em Portugal e Argentina, onde direitos civis como casamento já estão garantidos. Admiramos estes países, porque já estão à nossa frente com esta atitude.
Nós ainda não temos uma parada livre, imensa, organizada e bonita como a deles. Quando fazemos protesto, manifestos, no máximo conseguimos uns poucos candidatos.
E ainda tem gente de outros grupos que dizem que para ajudar os animais não é preciso fazer nada. Criticam o ativismo justamente porque eles é que não fazem nada, embora tenham meios para fazer muitas coisas. Projetam nos outros sua incapacidade, e isso é um sintoma.
Nós estamos ainda sozinhos na causa animal porque somos poucos e desunidos, mais ou menos como foi o movimento feminista no começo…
Admiro muito e apoio como se fosse a minha causa a defesa dos direitos para LGBT. E na verdade é minha causa. Pois eu defendo e acredito nos direitos humanos, nos direitos animais e na justiça em primeiro lugar.