Um papagaio foi resgatado na segunda-feira (26) no município de Vitória, no Espírito Santo, após subir em uma árvore e gritar “socorro” repetidas vezes. O comportamento da ave chamou a atenção de moradores da região, que pediram ajuda para o animal.
Vítima do tráfico de animais silvestres, o papagaio apresenta sinais claros de domesticação. Ele foi salvo após ser encontrado em uma árvore no Jardim da Penha. Após o resgate, foi encaminhado para o Centro de Triagem de Animais Silvestres (Cetas), no município de Serra.
A ave foi resgatada pelo Serviço de Resgate de Animais Silvestres após uma moradora do bairro conseguir ganhar a confiança do papagaio, que permitiu que ela se aproximasse dele. Para isso, a mulher ofereceu alimentos e água para a ave. Preocupada com o bem-estar do papagaio, a moradora acionou o serviço, que enviou uma equipe ao local.
De acordo com o biólogo Saulo Ramos, da Secretaria Municipal de Meio Ambiente (Semmam), da Prefeitura de Vitória, “o papagaio estava bem e vai ficar ainda melhor aos cuidados que receberá daqui para a frente”.
O profissional abordou ainda a importância do resgate não só pela necessidade de proteger a ave, que poderia não sobreviver por ser domesticada, mas também por ser um papagaio vítima do tráfico de animais. Resgatá-lo, portanto, é uma das formas de combater a prática criminosa e minimizar os efeitos nocivos que o tráfico impõe aos animais silvestres retirados da natureza.
“Esse resgate ganha ainda mais importância por tratar-se de um animal que não tem anilha, ou seja, não tem registro, é fruto do comércio ilegal de animais silvestres”, disse o biólogo ao G1.
O papagaio estava vivendo nas copas das árvores do bairro há aproximadamente 10 dias e, segundo informações da assessoria de comunicação da prefeitura, moradores tentavam interagir com a ave e faziam fotos e vídeos dela. Foi justamente graças a essa aproximação das pessoas que descobriu-se que o papagaio gritava “socorro” com frequência.
O resgate do animal, no entanto, foi complicado. Assustado, ele fugia sempre que tentavam alcançá-lo e, por isso, só pôde ser salvo na segunda-feira (26). “Desta vez, com o tempo, a moradora ganhou a confiança dele, o que possibilitou a captura”, explicou Saulo.
Nem todo animal silvestre deve ser resgatado
O papagaio encontrado no Jardim da Penha só foi resgatado porque era vítima do tráfico de animais e não conseguiria sobreviver por muito tempo se permanecesse onde estava. No entanto, espécies da fauna nativa que estiverem vivendo em liberdade, mesmo que em perímetro urbano, não devem ser resgatadas sem critério.
Conforme explicado ao G1 pelo secretário de Meio Ambiente, Tarcísio Föeger, há situações que demandam resgate, mas também existem casos em que o animal não deve ser resgatado.
“Vitória é uma cidade que possui muitas áreas verdes, e é comum encontrarmos animais silvestres no espaço urbano. O recolhimento só é recomendado se o animal apresenta risco para a população ou se está ferido ou precisando de cuidados”, explicou.
A Secretaria Municipal de Meio Ambiente também orienta os moradores a não tentar resgatar animais silvestres por conta própria e sempre acionar os serviços da prefeitura para que uma equipe especializada busque o animal.
Após o resgate, o animal que necessitar de cuidados será levado para o Cetas ou para o Instituto de Pesquisa e Reabilitação de Animais Marinhos (Ipran), em Cariacica. Há ainda a possibilidade de soltura imediata na natureza em caso de animais saudáveis e aptos à vida em liberdade.