(da Redação)
Um poderoso grupo formado por 24 cientistas, especialistas em focas e protetores de todo o mundo escreveu para líderes do governo sul-africano pedindo que seja mantida a proibição da caça às focas e aos lobos-marinhos, que já vigora há vinte anos, e apelando para que esta seja a primeira nação africana a introduzir uma proibição sobre o comércio de produtos derivados de focas. As informações são do Global Animal.
Isto ocorreu após um membro do Parlamento, Phaliso Meriam Nozibonelo, ter apresentado a proposta de revogação da proibição e de retomada ao assassinato desses animais, afirmando que “focas são os maiores caçadores de certos peixes e ninguém as prende”.
A carta, iniciada pela organização Seals of Nam e preparada pela Harpseals.org e foi assinada por cientistas da Espanha, da Austrália, dos EUA, Canadá e Reino Unido. Ambientalistas e representantes de inúmeras organizações internacionais de renome endossaram a carta, incluindo a Humane Society International, a NSPCA da África do Sul, o IFAW, a Earthrace Conservation, a WSPA e o Earth Island Institute.
Os signatários desta carta representam milhões de pessoas preocupadas com a sobrevivência, o bem-estar e os direitos dos mamíferos pinípedes (que incluem as focas, os lobos-marinhos e leões-marinhos). A carta responde às afirmações do Ministério Público referenciando estudos científicos que mostram que as focas são fundamentais para os ecossistemas marinhos, que a população de lobos-marinhos não tem aumentado significativamente desde o início da proibição da caça na África do Sul, e que o estado das populações de peixes depende de ações do governo para controlar o excesso das atividades de pesca.
Na carta também se solicita que a África do Sul siga países como Rússia, Taiwan, México, EUA e os países da União Europeia que proibiram o comércio internacional de produtos derivados de focas. O documento foi enviado para o presidente e para o vice-presidente da África do Sul, e aos ministros do Comércio e Indústria, da Agricultura, das Florestas e Pescas, e de Assuntos Hídricos e Ambientais.
A Dra. Diana Marmorstein, diretora-executiva da Harpseals.org, disse: “Nossa comunicação com o Governo sul-africano aborda questões relativas ao bem-estar das focas e as evidências científicas de que a matança desses animais é intrinsecamente desumana”.
“Nós também explicamos que, com base em estudos empíricos e de modelagem, reduzir populações de focas por meios não naturais não deverá fazer com que haja um aumento nas populações de peixes de interesse comercial. Assim, apelamos ao governo manter a moratória sobre a caça às focas e lobos-marinhos”, acrescentou a diretora.
A carta chegou ao governo sul-africano poucos dias depois da Organização Mundial do Comércio (OMC) ter divulgado a sua decisão em resposta ao desafio do Canadá e da Noruega, instaurando a proibição da importação de produtos derivados de focas pela União Europeia.
Marmorstein afirmou que “a OMC, assim, reconheceu a evidência da brutalidade e da crueldade abjeta no massacre às focas, tanto na Namíbia quanto no Canadá, o que deixou uma forte impressão sobre o povo da União Europeia e levou-o a apoiar a legislação que proíbe o comércio de produtos que são derivados a partir das mortes das focas”.
Um dos últimos mercados remanescentes para produtos derivados de focas é a África do Sul. Um passo positivo no sentido de uma proibição desse comércio na África do Sul poderia influenciar o Governo da Namíbia para acabar com a matança de foca e lobos-marinhos que acontece todos os anos entre Julho e Novembro e envolve o encurralamento e a matança de 80.000 filhotes de focas e 6.000 adultos em sua colônias.
Populações de lobos-marinhos – encontrados somente na África do Sul e Namíbia – já estão ameaçados por flutuações na disponibilidade de presas relacionada a fenômenos climáticos, bem como à pressão da pesca, à mortalidade por emaranhamento em redes de pesca e à matança perpetrada por pescadores. Durante os últimos 30 anos, a população sofreu três eventos de mortandade em massa nos quais até 90% dos filhotes morreram de fome.
Marmorstein concluiu, “a África do Sul está tendo a oportunidade de melhorar e aumentar a sua reputação como uma nação conservacionista, se mantiver e aumentar a proteção para uma de suas espécies animais mais emblemáticas”.
Veja aqui na íntegra o press-release da Seals of Nam sobre o assunto.