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Os riscos da obesidade canina

25 de dezembro de 2009
6 min. de leitura
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“Não sou muito gordo, sou é pouco alto” (Garfield)

Dá para notar que não faltam citações em que gordos se defendem e são defendidos. Não vejo problema em ser gordo se esse for o próprio biótipo da pessoa (ou do canino) e se ela estiver dentro dos limites da boa saúde, conforme inclusive enaltecido em canções de artistas diversos como o bluesman Willie Dixon (“fui feito assim, não me chame de gordo/porque fui feito pra conforto, não pra rapidez”), Roberto Carlos (“Gosto de me encostar nesse seu decote quando te abraço/de ter onde pegar nessa maciez enquanto te amasso”), este que vos escreve (“não tema que teu visual não vá me agradar/pois eu tenho braços longos só pra te abraçar/gorda, I love you so”) e o parceiro e amigo Wilson Rocha (“a cama tem que ranger/sei que os vizinhos reclamam/mas obeso também é gente/os gordos também amam”).

O problema é se o ser humano ou canino não estiver confortável consigo mesmo e correr os riscos – alguns graves – da obesidade. Vamos então identificar e corrigir tais riscos.

Seu cão é obeso ou apenas fofinho?

De modo geral, o canino é saudável e está no peso certo – nem Rei Momo nem top-model – se suas costelas puderem ser facilmente apalpadas, houver apenas uma fina camada de gordura sobre a pele, sua cintura for bem visível e sua barriga não for muito proeminente.

Foto: Reprodução Yahoo
Foto: Reprodução Yahoo

Os perigos causados pela obesidade incluem problemas respiratórios, sofrimento em clima quente, osteoartrite, pancreatite, diabetes, menor resistência em caso de cirurgias, e sobrecarga para o coração, pulmões, fígado, rins e juntas do peludo.

Muitas vezes ele já nasce com alguns problemas (diabetes, baixo metabolismo, hipertireoidismo) que o predispõem à obesidade. A pele do cão obeso pode ficar seca – mas atenção para não confundir com alergias e outros problemas de pele que o bicho possa ter.

Em caso de dúvida, leve o cão ao veterinário; afinal, como já foi dito, obesidade não aparece de repente – nem se cura de repente.

Causas da obesidade canina

Temos as causas inatas já citadas, como hipertireoidismo e baixo metabolismo, e algumas raças têm maior tendência à obesidade e devem ser bem vigiadas neste sentido, como Retriever, Beagle, Cocker Spaniel, Shetland Sheepdog e os “salsichas” como Basset Hound e Dachshund.

Em meu texto sobre mitos caninos, um que não mencionei é o de que cão castrado engorda; na verdade, ele pode acumular gordura por falta de exercício e excesso de calorias durante o pós-operatório, mas não devido à castração em si.

A causa mais óbvia de obesidade canina – e, justamente por ser óbvia, é a mais difícil de se notar – é o bicho estar comendo demais. Alguns cães são realmente doidos para comer; mal o dono termina de encher o pratinho de ração eles o esvaziam várias vezes seguidas.

Por sua vez, qual é a causa desta causa, ou seja, por que um cão come demais? Pode ser devido a metabolismo alto, verminoses, carência afetiva, ansiedade, tentativa de chamar atenção, ração pouco nutritiva, medo de ficar sem comida caso haja mais de um cão, ou porque esqueceram de alimentá-lo por tempo longo demais – ou, ainda, simplesmente porque o tutor também come demais e faz questão de que seus bichos sigam-lhe o exemplo, especialmente no Natal, a data máxima da obesidade, orgia pagã de perus e panetones em clima mais ou menos cristão.

Para citar mais uma vez Roberto Carlos, “tudo que eu gosto é ilegal, imoral ou engorda”. O cão costuma ser igual ao tutor: ativo ou preguiçoso, esbelto ou obeso. Nos EUA, cujo presidente às vezes parece não ser Barack Obama e seu “Yes I Can”, mas sim Ronald McDonald e seu “Super Size Me”, não surpreende que haja cada vez mais obesos humanos – e cerca de 25% dos caninos! “Comer demais” não implica só quantidade, mas também qualidade (ou falta dela), como rações ou comida muito ricas em gordura e pobres e fibras, além de se ir catando sobras e petiscos a torto e a direito.

Foto: Reprodução Yahoo
Foto: Reprodução Yahoo

Por sinal, a primeira coisa que li sobre alimentação canina, lá por volta de 1968, foi justamente “antes errar dando comida de menos que de mais”. E pratinho vazio não significa necessariamente que o canino esteja à beira da inanição; ele pode tê-lo esvaziado há minutos e comer mais, agora, seria gula – ou seja, desnecessário e talvez até prejudicial à saúde se houver problemas como excesso de gorduras ou falta de fibras e vitaminas. Você só deverá manter o pratinho do peludo bem cheio se precisar se ausentar por um período mais longo que o normal.

Prevenção e cura

Sempre comparo caninos a crianças; desta vez compararei a pessoas de qualquer idade. O melhor regime e prevenção para todos é o famoso FAB, “fechar a boca” – e, no caso do cão, ignorar-lhe a boca aberta fora de hora. Se ele vier filar boia durante as refeições dos humanos da casa, não se deixe enganar por aqueles olhos pidões de quem não come há meses; dê-lhe no máximo uma lasca praticamente infinitesimal.

Vigie bem o que o canino procura ou ganha de terceiros para comer, especialmente se ele é daqueles que fuçam a mesa e tudo o mais à procura de comida. Não se deixe enganar também pelo pratinho vazio, como já afirmei. Acostume o cão a petiscos saudáveis e de baixo teor calórico, tais como bananas, cenouras ou brócolis. Se você, ao passear com o peludo, não resistir a repartir com ele seu sanduíche ou sorvete, lembre-se de compensar com uma próxima refeição menos farta.

Nada de ficar só no “come-e-dorme”: exercite o cão com caminhadas, passeios, brincadeiras movimentadas, ordens de comando, fazendo-o gastar a energia e calorias que acumulou. Já comentei neste espaço que “melhor que um cão, só muitos”. Se um cão for deixado sozinho, o mais provável é que ficará paradão, jacarezando ao sol ou encaramujado num canto, porém dois cães se motivarão mutuamente para se exercitarem e gastarem energia.

Já afirmei, e nunca é demais repetir: havendo qualquer dúvida sobre a saúde e dieta de seu cão, não hesite em levá-lo ao veterinário. E, do mesmo jeito que a canção de Roberto pergunta “quem foi que disse que tem que ser magra pra ser formosa?”, vale complementar dizendo que canino não precisa ser obeso para ser fofinho. Não precisa e nem deve. Peludo sim, banhudo não!

Fonte:  Yahoo

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