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Órfão de execução do tráfico, cachorro é adotado por policiais

1 de julho de 2015
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Foto: Ronaldo Bernardi / Agencia RBS
Foto: Ronaldo Bernardi / Agencia RBS

Chuck mostra os dentes ao rosnar, deita com as orelhas levantadas em sinal de alerta e fixa a câmera do fotógrafo pelo canto dos olhos.
— Ele pensa que é uma arma — anuncia o tutor do pitbull de pelo marrom e branco, o inspetor de polícia Rodrigo Valença.
Para Valença, a reação do cachorro é justificada pelo trauma: Chuck convivia com o mundo do tráfico até ser adotado pelo agente, há quase dois meses. Órfão de uma execução motivada pelo crime, o animal foi encontrado abandonado em uma casa no bairro Mathias Velho, em Canoas. Pesava 20 quilos — agora está com 34.
Foto: Polícia Civil / Divulgação
Foto: Polícia Civil / Divulgação

— Decidimos levá-lo para a delegacia e tratá-lo para depois ver se ficaríamos com ele ou se acharíamos um lar. Acabamos ficando — diz o inspetor.
O cachorro pertencia a Babiton Gabriel da Silva de Lopes que, aos 19 anos, tinha passagens pela polícia por tráfico e porte de drogas. Ele e o sobrinho Richard Kauan de Souza, de nove anos, foram executados dentro de casa no início de maio — crime possivelmente cometido em função de dívidas do tráfico, apontou a investigação.
Após os assassinatos, a Delegacia de Homicídios e Desaparecidos (DHD) de Canoas recebeu a denúncia anônima de que havia munição guardada na residência. No local, os policiais encontraram mais de 40 quilos em projéteis — e o cachorro amarrado a uma corda no pátio, sem água nem comida havia quatro dias e com as costelas à mostra, tamanha magreza.
Pela comoção dos agentes, Chuck ganhou um novo lar: a delegacia de polícia. Chegou a ser anunciado para adoção, mas os agentes voltaram atrás. Apesar de pertencer à raça comumente associada ao comportamento violento, o pitbull aparenta temperamento dócil: pede carinho a quem se aproxima, se enrosca na perna do tutor e obedece aos seus comandos. Falhas no pelo indicam, porém, cicatrizes do passado do cachorro. Familiares do homem executado, que afirmaram aos policiais que não tinham interesse em adotá-lo, disseram que ele era usado em “rinhas”.
— Ao retirar o animal da residência, também evitamos um possível ataque a qualquer morador — aponta o chefe de investigação Luís Zottis, que também é tutor de um pitbull e auxiliou no resgate do bicho.
Foto: Ronaldo Bernardi / Agência RBS
Foto: Ronaldo Bernardi / Agência RBS

Há duas semanas, a equipe da DHD foi transferida para a 7ª Delegacia de Polícia de Porto Alegre, no bairro Belém Novo — e Chuck seguiu junto para a Capital. Desde então, o lar do pitbull é o apartamento de Valença, no bairro Cidade Baixa, mas o inspetor já estuda se mudar para uma casa em função do novo inquilino.
— Agora, o Chuck terá uma aposentadoria tranquila. Ele já sofreu demais — diz.
Fonte: ZH

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