Redação ANDA – Agência de Notícias de Direitos Animais
Lar é onde o coração está. No caso de dois orangotangos de Bornéu (Ásia) chamados Johnny e Desi, isso significa a floresta. Recentemente, a organização de bem-estar animal International Animal Rescue (IAR) libertou os dois na natureza em Kalimantan Ocidental, na Indonésia.
Os primeiros anos de vida de Johnny e Desi foram difíceis. Ainda jovens, foram sequestrados da floresta e criados como animais domésticos.
Embora orangotangos possam perder sua capacidade de retornar ao estado selvagem se forem mantidos dessa forma por muito tempo, a dupla foi resgatada a tempo. Eles ainda eram capazes de aprender – ou melhor, reaprender – a ser animais selvagens.
Ainda assim, seu processo de reabilitação levou tempo: exatos quatro anos. Primeiro eles tiveram que ir para “escola florestal”, onde aprenderam habilidades como escalar, forragear e construir ninhos e também conseguiram se socializar com outros orangotangos.
Uma vez que Johnny e Desi se formaram na escola florestal, eles foram transferidos para a ilha de pré-lançamento do IAR, na qual foram avaliados para verificar se eram candidatos à libertação na natureza.
Os orangotangos mostraram a todos que estavam prontos. “Os dois estão em boas condições e claramente são capazes de se defender. Eles são capazes de encontrar comida para si e fazer um ninho cada noite para dormir”, disse Ayu Budi Handayani, gerente de cuidados dos animais do IAR, em um comunicado.
Outros não tiveram tanta sorte quanto Johnny e Desi. Os orangotangos não são apenas mantidos como animais domésticos, mas muitas vezes são deliberadamente mortos. De acordo com o IAR, as populações da espécie de Bornéu diminuíram mais de 80% nos últimos 75 anos.
Restam apenas cerca de 41 mil orangotangos em estado selvagem na região e a Lista Vermelha da União Internacional para Conservação da Natureza (IUCN) recentemente listou os orangotangos de Bornéu como uma espécie criticamente ameaçada.
O primo próximo do orangotango de Bornéu, o orangotango de Sumatra, também está criticamente em perigo, com aproximadamente 7.500 indivíduos deixados na natureza.
A maior ameaça para as populações de orangotangos é a destruição do seu habitat. Enquanto as pessoas dizimam a floresta por diversas razões – exploração madeireira, de mineração ou agricultura – a indústria de óleo de palma é responsável por grande parte desta destruição.
Se um fazendeiro encontra um orangotango enquanto desmata a terra, não é incomum que mate o animal. Se o orangotango está com um filhote, este é muitas vezes capturado e criado como um animal doméstico ou vendido pelo comércio ilegal de animais selvagens.
Mas, graças a ativistas, Desi e Johnny foram capazes de voltar para sua casa. O dia da liberação não foi nada simples. Para chegar ao local, a equipe da IAR teve que viajar durante 40 horas de caminhão, barco e a pé.
As últimas seis horas foram as mais árduas – os moradores tiveram de carregar as pesadas caixas de transporte de Johnny e Desi enquanto atravessavam a densa floresta.
Quando finalmente chegaram lá, tudo valeu a pena. Assim que a equipe IAR abriu as caixas, Johnny e Desi imediatamente subiram nas árvores e começou a forragear.
“Não podemos imaginar um futuro brilhante para os orangotangos se o seu habitat continuar sendo diminuído com esta rapidez. Eles só irão sobreviver quando as pessoas começarem a levar o problema a sério”, afirmou Sanchez, observando que uma equipe vai continuar a monitorar os dois para se certificar de que estão bem.
Mesmo assim,a IAR está confiante de que Johnny e Desi irão ficar bem. “Temos certeza de que eles terão êxito em sua nova casa na floresta”, acrescentou Sanchez ao The Dodo.