A “matança” do porco que ocorre na Madeira a partir de 8 de dezembro, dia da Imaculada Conceição, é “um ato brutal culturalmente inaceitável” diz a Plataforma Viver – Cidadãos pelo Tratamento Ético dos Animais da Madeira e Porto Santo (PV).
“A Plataforma Viver não aceita que um animal tão inteligente e sensitivo como é o porco seja morto de uma forma tão brutal, a sangue frio e em público”, declara à agência Lusa o dirigente da PV, Miguel Santos.
Tido como um dos primeiros momentos do Natal madeirense, a “função” do porco, a “matação” ou “matança” começa quando o animal é, pela alvorada, compulsivamente retirado do “chiqueiro” e arrastado, por entre os seus estridentes grunhidos de pânico, para o local onde o “marchante”, desferindo um frio golpe na jugular do suíno com a “faca da matança”, retira a vida a um dos animais domesticados mais inteligentes perante a euforia de um público muitas vezes já “encharcado” de álcool.
“Achamos que fazer da morte do animal um espetáculo público, mascarado de traço identitário do ser madeirense, é algo culturalmente inaceitável no século XXI em que se procura alargar a esfera ética e a compaixão aos seres não humanos”, diz o dirigente da PV.
Para além da “desumanidade” do ato, Miguel Santos realça a “ilegalidade” do mesmo ao recordar que a morte deve ser precedido de “atordoamento” do animal para este não sentir a dor e deve ser realizado na presença de um veterinário “duas condições exigidas pela lei que sistematicamente são desrespeitadas”.
Este ativista em defesa dos animais salienta que “este ato tão regressivo deve ser abolido”, reconhece que “só pela ação pedagógica” poderá haver mudanças neste domínio e critica o “laxismo” de algumas autoridades sanitárias e de defesa do consumidor.
*Esta notícia foi, originalmente, escrita em português europeu e foi mantida em seus padrões linguísticos e ortográficos, em respeito a nossos leitores.
Fonte: DN Portugal