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ALARMANTE

Ondas de calor tornarão regiões inteiras inabitáveis, diz relatório da ONU

O relatório afirma que o calor extremo é um "assassino silencioso" cujos efeitos se amplificarão, criando imensos desafios para o desenvolvimento sustentável do planeta

14 de outubro de 2022
3 min. de leitura
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Onda de calor que assola o Reino Unido, em 28 de julho de 2022 — Foto: Reuters

Regiões inteiras do mundo estarão completamente inabitáveis nas próximas décadas devido às ondas de calor. Episódios com temperaturas extremas se tornarão mais frequentes e intensas, alertaram a ONU e a Cruz Vermelha nesta segunda-feira (10).

As Nações Unidas e o Movimento Internacional da Cruz Vermelha e do Crescente Vermelho (FICV) pediram, em um relatório conjunto sobre fenômenos de calor extremo, que as nações se preparem para as ondas de calor futuras para evitar um grande número de mortes.

Menos de um mês antes da COP27, que será realizada em novembro no Egito, a ONU e a FICV lembraram que, em razão da atual evolução do clima, “as ondas de calor podem atingir e ultrapassar os limites fisiológicos e sociais” dos humanos nas próximas décadas, especialmente em regiões como o Sahel e o sul e sudoeste da Ásia.

De acordo com o documento, existem limites a partir dos quais humanos expostos ao calor e umidade extremos não conseguem sobreviver e a partir dos quais as sociedades não conseguem se adaptar.

Essas condições acarretarão “sofrimento em grande escala e perda de vidas humanas, movimentos populacionais e agravamento das desigualdades”, alertaram as organizações. De acordo com o documento, em quase todos os territórios em que há estatísticas disponíveis, as ondas de calor constituem o perigo climático mais mortal.

Todos os anos, milhares de pessoas morrem pelas ondas de calor, um fenômeno que se tornará cada vez mais mortal à medida que as mudanças climáticas se acentuam, segundo Martin Griffiths, chefe do Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA), e Jagan Chapagain, secretário-geral da FICV.

As ondas de calor causaram algumas das catástrofes mais mortais já registradas. O relatório lembra que a onda de calor que atingiu a Europa em 2003 deixou mais de 70 mil mortos e que a onda de calor que a Rússia viveu em 2010 matou mais de 55 mil pessoas.

De acordo com o documento, os especialistas esperam que as taxas de mortalidade ligadas ao calor extremo sejam muito altas, “comparáveis, em magnitude, a todos os cânceres até o final do século”.

“Assassino silencioso”

Este ano, regiões e países inteiros do norte da África, Austrália, Europa, sul da Ásia e Oriente Médio, bem como China e oeste dos Estados Unidos, sofreram temperaturas recordes.

O relatório afirma que o calor extremo é um “assassino silencioso” cujos efeitos se amplificarão, criando imensos desafios para o desenvolvimento sustentável do planeta e causando novas necessidades humanitárias.

“O sistema humanitário não tem os recursos para resolver sozinho uma crise de tamanha magnitude. Já carecemos de fundos e recursos para responder a algumas das piores crises humanitárias deste ano”, destacou Griffiths durante a entrevista coletiva de apresentação do documento.

As organizações pediram maiores investimentos, urgentes e sustentados no tempo, para mitigar o impacto das mudanças climáticas e contribuir para a adaptação a longo prazo das populações dos países mais vulneráveis.

De acordo com um estudo citado no relatório, o número de pessoas pobres vivendo em calor extremo nas áreas urbanas aumentará em 700% até 2050, especialmente na África Ocidental e no sudeste asiático. As Nações Unidas e a Cruz Vermelha insistiram na importância de reconhecer os limites da adaptação ao calor extremo.

Algumas medidas, como o aumento dos sistemas de ar-condicionado, são caras, consomem muita energia e não são viáveis a longo prazo porque elas próprias contribuem para as mudanças climáticas. Se as emissões de gases de efeito estufa não forem reduzidas “massivamente”, o planeta enfrentará “níveis de calor extremo inimagináveis hoje”, alertaram as duas organizações.

Fonte: G1

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