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Onças-pintadas são dizimadas para a fabricação de medicamentos

11 de março de 2018
3 min. de leitura
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Os especialistas alertam que as principais empresas chinesas de energia elétrica, rodovias e trilhos em países em desenvolvimento são os principais impulsionadores do comércio de peles, ossos e chifres de animais ameaçados de extinção.

Foto: Jalen Evans/Getty Images

O comércio se estabelece quando os moradores locais descobrem que os funcionários das empresas de construção chinesas querem comprar ossos, chifres e partes dos corpos dos animais porque acreditam equivocadamente que eles possuem propriedades médicas. “Essencialmente, esses projetos funcionam como aspiradores gigantes de animais selvagens que sugam tudo de volta para a China. É uma preocupação real”, enfatiza o pesquisador Vincent Nijman, da Oxford Brookes University.

O problema na América do Sul é particularmente preocupante. Mais de 100 onças-pintadas – uma espécie cujos números estão diminuindo – podem ter sido assassinadas em menos de um ano para abastecer a demanda da China. Conforme as partes dos tigres – que são valorizadas pelos praticantes da medicina tradicional chinesa – ficam mais escassas, surge outro mercado de órgãos de outros grandes felinos, incluindo a onça-pintada.

Dois exemplos de mortes de onças-pintadas foram divulgados pela Nature. O corpo de uma onça foi encontrado flutuando em um canal de drenagem em Belize, na América Central.

“Seu corpo estava principalmente intacto, mas a cabeça estava sem as presas. No dia 10 de janeiro, um segundo felino – desta vez uma jaguatirica que pode ter sido confundida com uma jovem onça – apareceu sem cabeça no mesmo canal”, informou a Nature.

A extensão do comércio também foi destacada por Thaís Morcatty, uma pesquisadora de animais silvestres da Oxford Brookes University, que trabalhou na América do Sul. “No último ano, ocorreram mais de 50 apreensões de pacotes que continham partes de onças-pintadas no Brasil. A maioria parecia destinada principalmente à Ásia e à China. Vale destacar também que há grandes comunidades chinesas no Brasil “, acrescentou.

No passado, as onças-pintadas percorreram uma grande parte do Sul dos EUA, da América Central e da América do Sul. Atualmente, seus números sofreram uma queda drástica devido ao desmatamento e aos fazendeiros que baleiam os animais porque os consideram uma ameaça aos bois que exploram. O surgimento da demanda pela medicina tradicional chinesa deve diminuir ainda mais as populações de onças-pintadas.

Segundo o The Guardian, os ativistas estão preocupados com a ameaça global representada por esse comércio. Há muitos anos, as empresas chinesas têm desenvolvido amplos projetos de construção com mais de 60 países para construir portos, centrais elétricas, linhas ferroviárias, rodovias, túneis e pontes no mundo em desenvolvimento. Os exemplos incluem uma instalação elétrica de US$ 5,8 bilhões na Nigéria, uma ferrovia de 1336 quilômetros de extensão em Angola e uma ponte de seis pistas e 680 metros de comprimento em Dar es Salaam, na Tanzânia.

“Esses projetos são geridos por funcionários chineses e eles vão para cá e para lá com residentes locais e também enviam objetos para suas famílias na China. Entre os objetos que eles enviam estão ossos, chifres e pele ilícitos valorizados pela medicina tradicional. Não existem muitos sinais de que eles são comedidos. No final do dia, quase tudo o que pode ser morto e negociado será”, conclui Nijman.

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