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Olinguitos são vegetarianos e podem já estar em extinção

10 de setembro de 2013
4 min. de leitura
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(da Redação)

Foto: Reprodução
Foto: Reprodução

Ringerl era um belo animal. Segundo os que a conheceram, era “parecida com um urso de pelúcia com uma longa cauda”. Ela veio da América do Sul. Seus mantenedores tentaram alimentá-la com carne, comida que pensavam ser a ideal para mamíferos com a sua aparência, e isso parecia não agradá-la. Também viajaram por zoológicos de todo o mundo para encontrar um macho que pudesse acasalar-se com ela, mas não encontraram.

Agora, 40 anos depois, os cientistas finalmente descobriram o porquê. As informações são da Care2.

Tratava-se de um indivíduo da espécie recém descoberta Bassaricyon neblina, também chamada “Olinguito”, conforme publicado na ANDA. São verdadeiros “ursos de pelúcia vivos”, comentam as pessoas quanto à aparência desses graciosos animais.

Ringerl foi mais um animal desta espécie a sofrer as consequências de pertencer a uma linhagem desconhecida e a falta de acerto dos que a confinaram no zoológico naquele tempo demonstra isso.

Segundo cientistas, a razão pela qual a espécie ficou misteriosa por tanto tempo é uma combinação de comportamento e habitat. O olinguito noturno é encontrado no alto copas das árvores nas florestas do Equador e da Colômbia, e raramente desce ao chão da floresta.

Kristofer Helgen, curador de mamíferos do Museu de História Natural de Smithsonian, resolveu dedicar-se a estudar a nova espécie. Primeiramente, ele notou diferenças entre o olinguito e o olinga enquanto visitava museus, observando peles e crânios de diferentes indivíduos coletados. “Eles eram menores que os olingos, com a cabeça avermelhada e o pelo mais macio”, disse ele, que também acrescentou que o formato dos ossos, crânios e dentes eram completamente diferentes.

A pesquisa de Helgen levou-o ao Equador, onde foi finalmente capaz de registrar e coletar testes genéticos do próprio olinguito. Mas ao levar o DNA ao laboratório, Helgen descobriu algo estranho: o DNA já estava lá.

Foi quando o time de pesquisadores descobriu que ali estavam as células de Ringerl, que foram guardadas. Tendo morrido nos anos 70 sem ter se reproduzido, cientistas congelaram algumas de suas células e gravaram o seu DNA. Agora, Helgen pode responder por que Ringerl foi tão solitária – ela pertencia a uma espécie inteiramente diferente.

De acordo com os pesquisadores, apesar de pertencer à ordem dos carnívoros, o olinguito é principalmente herbívoro, preferindo comer frutas e vegetais. Isso foi uma característica que as celulas de Ringerl ajudaram a desvendar. O olinguito não constitui a única espécie tida como carnívora e que evoluiu para uma dieta à base de plantas: um outro exemplo, aliás o mais popular, é o urso panda.

Helgen alerta também para o fato de que, embora sendo descoberto como espécie e classificado somente agora, o olinguito já pode estar a caminho da extinção. Isso pois ele foi descoberto em um tempo em que seu habitat, que são as florestas da Colômbia e Equador, têm sido destruídas pelas mãos humanas. O cientista estima que pelo menos 42% do habitat florestal dos mamíferos já tenha sido destruído pela agricultura e urbanização.

O escritor Philip Hoare pontua que esta não é uma espécie “nova”, apenas era desconhecida e já está há algum tempo entre nós.

Ele também lembra que há uma ligação perturbadora entre a ciência, por um lado, revelando as maravilhas do mundo, e os humanos simultaneamente não perdendo tempo em destruí-las.

“Uma vez que você dá um nome à espécie, pode haver uma breve janela entre a identificação e o desaparecimento, da mesma forma como ocorreu com as descobertas do século 20 que foram o “Okapi” (pertencente à família das girafas, descoberto em 1901) e o “Coelacanth” (espécie de peixe identificada em 1938), ambos reduzidos agora aos estatutos de “ameaçados” e “raros”.

A reportagem da Care2 finaliza questionando se a Ciência poderá proteger o olinguito ou se acontecerá com ele o mesmo que se dá com muitas outras espécies raras, que logo terminam sendo vendidas dentro de gaiolas em mercados de rua, ou têm seus corpos despedaçados para serem vendidos por supostas qualidades medicinais ou afrodisíacas. Na reportagem, pergunta-se também se as TVs de todo o mundo já estão se alinhando para fazer a sua própria cobertura exclusiva dos olinguitos, de modo a fazê-los conhecidos.

Podemos acrescentar a estas perguntas o comentário de que não são apenas a Ciência e as TV’s os responsáveis por preservar o olinguito e impedir que ele se torne a próxima espécie em extinção, sendo cruelmente morta e explorada. Cabe também e principalmente a cada um dos humanos a consciência e o respeito para com mais esta espécie animal não humana.

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