Por Patricia Tai (da Redação)
Escondido nas florestas enevoadas da Colômbia e descrito como “meio gato, meio urso”, o olinguito é o primeiro novo carnívoro descoberto no Hemisfério Ocidental nos últimos trinta e cinco anos.
O gracioso animal foi identificado erroneamente por cem anos, apesar de ter sido visto na natureza, explorado em coleções de museus e mesmo exibido em zoológicos.
Mas agora cientistas do Instituto Smithsonian confirmaram que o adorável mamífero carnívoro é uma nova espécie, e dizem que o achado pode ser considerado “a incrível e rara descoberta do Século XXI”. As informações são do Daily Mail.
Os pesquisadores afirmam que, apesar dele ter na aparência uma mistura de felino e urso, o olinguito é de fato um membro da família Procyonidae, juntamente com os guaxinins, quatis, kinkajous e olingos.
Pesando 900 gramas e com o pelo marrom e alaranjado, ele vive em florestas repletas de neblina da Colômbia e do Equador, mas por mais de um século foi confundido com seu primo próximo, o olingo.
Um exame do seu crânio, de seus dentes e pele em espécimes de museu levou à confirmação de que ele pertence a uma espécie diferente – o primeiro carnívoro do Novo Mundo identificado em 35 anos.
Em um relatório sobre a descoberta, cientistas americanos do Instituto Smithsonion em Washington descreveram a criatura como “um cruzamento entre um gato doméstico e um urso de pelúcia”.
Comparado com o olingo, seus dentes e seu crânio são menores e de formatos diferentes, e seu pelo marrom e laranja é mais comprido e denso.
“A descoberta do olinguito nos mostra que o mundo não está ainda completamente explorado, e que seus segredos mais básicos ainda não estão revelados”, disse o Dr. Kristofer Helgen, curador de mamíferos do Museu Nacional de História Natural de Smithsonian.
“Se novos carnívoros ainda podem ser encontrados, que outras surpresas nos esperam? Muitas das espécies do mundo são ainda desconhecidas da Ciência. Documentá-las é o primeiro passo para entender toda a riqueza e a diversidade da vida na Terra”, explicou o Dr. Helgen.
O nome científico do olinguito é Bassaricyon neblina.
“Bassaricyon” é a família de carnívoros que vivem em árvores, e inclui diversas espécies diferentes, enquanto “neblina” significa “nevoeiro” em Espanhol.
Após identificar espécimes de museus, os pesquisadores viajaram para os Andes para ver se restaram alguns olinguitos na natureza.
Havia registros de que eles viveram nas montanhas, a altitudes de 1500 a 2700 metros acima do nível do mar. Conseguiram captar algumas imagens deles em câmeras.
Eventualmente, o time descobriu olinguitos vivendo em uma floresta equatorial e passaram vários dias observando-os.
Eles perceberam que esses animais são mais ativos à noite, e que comem frutas assim como comem carne; raramente saem de cima das árvores, e têm um filhote de cada vez.
“O habitat do animal está sob constante pressão devido ao desenvolvimento econômico”, relataram os cientistas no jornal ZooKeys.
Estima-se que 42% do habitat dos olinguitos já tenha sido urbanizado ou esteja sendo utilizado para cultivo agrícola.
Pelo menos um olinguito da Colômbia foi exibido em diversos zoológicos americanos durante as décadas de 60 e 70, segundo os pesquisadores.
Houve vários momentos no século passado em que a espécie chegou perto de ser revelada.
Em 1920, um zoologista de Nova York sugeriu que uma espécie de museu era incomum o suficiente para ser uma nova espécie, mas nunca deu continuidade para comprovar essa suspeita.
O Dr. Helgen disse: “As montanhas nebulosas dos Andes são um universo particular, cheias de muitas espécies encontradas somente ali, muitas delas ameaçadas de extinção. Nós esperamos que a espécie dos olinguitos possa servir como uma embaixadora das montanhas enevoadas do Equador e da Colômbia, para chamar a atenção do mundo a estes críticos habitats”.
“Este é um belo animal, mas nós sabemos tão pouco sobre ele. Em quantos países ele vive? O que mais podemos aprender sobre seu comportamento e o que precisamos fazer para assegurar a sua preservação?”, questionou o cientista.