O Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon) anunciou nesta sexta-feira (16) que a área de floresta desmatada da Amazônia Legal nos primeiros oito meses de 2022 foi a maior dos últimos 15 anos.
De janeiro de 2022 a agosto do mesmo ano, foram derrubados 7.943 km² de floresta, o que equivale um pouco menos que cerca de sete vezes a cidade do Rio de Janeiro.
Os dados são do Sistema de Alerta de Desmatamento (SAD) do instituto, que diferem da metodologia do Deter, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). Segundo o Imazon, os satélites usados são mais refinados que os dos sistemas do governo e são capazes de detectar áreas devastadas a partir de 1 hectare, enquanto os alertas do Inpe levam em conta áreas maiores que 3 hectares (entenda mais abaixo).
“Já passamos da metade do ano e o que vem acontecendo são recorrentes recordes negativos de devastação da Amazônia, com o aumento no desmatamento e na degradação florestal. E infelizmente temos visto ações insuficientes para combater esse problema”, lamenta a pesquisadora Bianca Santos, do Imazon.
Ainda de acordo com os novos dados do Imazon, apenas em agosto, foram derrubados 1.415 km². Além disso, a degradação florestal causada pela extração de madeira e pelas queimadas cresceu 54 vezes.
A área degradada passou de 18 km² em agosto de 2021 para 976 km² em agosto de 2022, uma alta de 5.322%.
Desmatamento é definido pelo instituto como a remoção completa da vegetação, processo conhecido como “corte raso”, e a degradação florestal é classificada quando parte da floresta foi destruída por exploração madeireira ou incêndio. Por isso, o Imazon afirma que é comum que uma área classificada como degradada seja posteriormente desmatada.
“Em muitos casos de áreas que sofrem degradação florestal por exploração madeireira, após a retirada total das espécies de valor comercial, é feita a remoção completa das árvores para destinar aquela área a outros tipos de uso, como por exemplo a agropecuária ou até para a especulação imobiliária, no caso da grilagem”, acrescenta Bianca.
Imazon x Inpe
O sistema do Imazon detecta áreas desmatadas em imagens de satélites de toda a Amazônia Legal (região que corresponde a 59% do território brasileiro e que engloba a área de 9 estados – Acre, Amapá, Amazonas, Mato Grosso, Pará, Rondônia, Roraima, Tocantins e uma parte do Maranhão) e leva em conta degradações florestais ou desmatamentos que ocorreram em áreas a partir de 1 hectare, o que equivale a aproximadamente 1 campo de futebol.
Assim como o Deter, do Inpe, o calendário de monitoramento do SAD começa em agosto de um ano e termina em julho do ano seguinte por causa da menor frequência de nuvens na Amazônia. Os sistemas também são semelhantes porque servem como um alerta, mas não representam um dado oficial de desmatamento.
A medição oficial do desmatamento é feita pelo sistema Prodes (também do Inpe) e costuma superar os alertas sinalizados tanto pelo Deter como pelo Imazon. Segundo o Inpe, o nível de precisão do Prodes é de aproximadamente 95%.
Estados no ranking do desmatamento e degradação
Ainda de acordo com os novos dados divulgados pelo Imazon, em agosto, Pará (647 km²), Amazonas (289 km²) e Acre (173 km²) foram responsáveis por 46%, 20% e 12% de todo o desmatamento na Amazônia.
No total, em agosto deste ano, 1.606 km² da Amazônia foram desmatados, 12% a menos que em agosto de 2021. No entanto, a devastação de 2022 foi a terceira pior para o mês de agosto desde 2008, quando o instituto implantou o SAD. O segundo pior ano foi 2020, quando 1.499 km² de floresta foram derrubados.
“Nesses três estados, assim como nos outros que compõem a região, estamos identificando o avanço do desmatamento nas florestas públicas não destinadas”, acrescenta a pesquisadora.
“São áreas pertencentes aos governos dos estados ou federal que ainda não tiveram um uso definido, cuja prioridade estabelecida em lei é para a criação de novas áreas protegidas, como terras indígenas ou quilombolas e unidades de conservação. Porém, por essa falta de destinação, essas terras acabam sendo as preferidas dos grileiros, que as invadem com a expectativa de obter a posse”.
Quanto às áreas degradadas da região, o estado que teve a maior área de floresta perdida em agosto foi Mato Grosso (657 km²), com 67% do total registrado em toda a Amazônia. Pará (240 km²) e Acre (28 km²) ocuparam a segunda e terceira posições, com respectivamente 25% e 3% de áreas degradadas.
Fonte: G1