O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) aplicou na última quarta-feira, 10, durante a Operação nacional Moda Triste, R$ 1,6 milhão em multas nos estabelecimentos que comercializavam produtos confeccionados com partes de animais. Cerca de 5.250 mercadorias foram apreendidas na operação em todo o país.
Segundo a chefe de Divisão de Fiscalização de Fauna do Ibama, Raquel Sabaini, a operação tem dois objetivos: o de inibir o comércio de mercadorias produzidas com partes de animais e o de conscientizar a população para que não use e não compre esses produtos. “As pessoas, às vezes, compram e não entendem que, para usar esses produtos, os animais têm que morrer”, afirmou Raquel.
Ela disse também que objetos de artesanato confeccionados com penas de aves ou esqueletos de animais marinhos, a exemplo de estrela-do-mar e cavalo-marinho, são subprodutos do tráfico de animais, que é crime.
O Ibama ressaltou que desta vez, diferentemente de 2007, quando a operação foi realizada pela primeira vez, os lojistas estão mais conscientes da importância de não comercializar esses produtos. Em 2007, o valor das multas foi de R$ 3 milhões.
De acordo com o Ibama, o número de multas aplicadas e de apreensões ainda pode subir, porque alguns estados continuam a fiscalização até o fim da semana.
Pará
Um caso a parte são os artefatos de uso pretensamente medicinal e religioso, que eram comercializados no Mercado do Ver-o-peso, o mais tradicional da capital paraense, onde foram apreendidos órgãos sexuais e olhos de botos, gordura (óleo) de jibóias, poraquês e antas, além de milhares de espinhos de ouriço-cacheiro ou cuandu, que são vendidos para “trabalhos” de proteção de casas e lojas.
Dezenas de frascos de “garrafadas” destinados pretensamente a ganhar dinheiro, conquistas amorosas ou somente servir de enfeite, com partes de animais como cobras, botos, lagartos, jacarés ou jabotis foram retirados das barracas do tradicional mercado.
Os agentes e analistas ambientais da Divisão de Fauna e Pesca (DIFAP) e de Controle e Fiscalização (DICOF) estão em contato com a associação dos comerciantes de ervas do Ver-o-peso para esclarecer sobre crimes ambientais e providenciando palestras de educação ambiental para que no futuro este crime não se repita.
O IBAMA alerta que comprar ou comercializar animais silvestres ou partes destes animais é extremamente prejudicial à natureza, pois para cada animal retirado da natureza, muitos outros morreram em armadilhas ou feridos pelos caçadores que não conseguiram alcançar suas vitimas, ficando sem aproveitamento algum para o caçador e principalmente para a natureza.