Redação ANDA Agência de Notícias de Direitos Animais
A elefante Chai – cujo confinamento no zoológico Woodland Park Zoo, em Seattle, nos Estados Unidos, foi por muitos anos um tema gerador de controvérsia entre os moradores da cidade – faleceu na manhã do dia 31 de janeiro, um ano depois de ter sido movida para o Oklahoma City Zoo. A causa de sua morte ainda não foi determinada, mas acredita-se que tenha sido devido ao estresse por ter sido mantida em cativeiro durante toda a vida, e aos inimagináveis sofrimentos e humilhações aos quais ela foi submetida. As informações são do One Green Planet.
“Ela deveria estar no auge de sua vida; ela tinha apenas 37 anos”, declarou Lisa Kane, membro da organização Amigos dos Elefantes do Woodland, que fiscaliza a vida dos animais no zoológico. “Eu gostaria de ver os zoológicos colocando os interesses dos elefantes em primeiro lugar, ao invés de seus próprios interesses. Que permitisse que eles fossem enviados para santuários”.
Essa é a segunda morte de elefante no Oklahoma City Zoo em poucos meses. Tara Henson, porta-voz do zoológico, disse: “Eu não posso dizer que os óbitos não estejam relacionados, pois não sou veterinária. Mas eu posso afirmar que não acredito que devamos nos preocupar com isso”.
A declaração do zoológico apenas mostra a maneira como essas instituições consideram os animais. A verdade é que os elefantes não foram feitos para viver em zoológicos. Na vida selvagem, os elefantes alcançam grande longevidade.
Na natureza, esses elefantes vivem em estreitos laços com seus rebanhos matriarcais, liderados pela fêmea mais velha e experiente. Os membros do rebanho trabalham em conjunto para encontrar alimento e criar os jovens. Eles costumam viajar mais de 80 km por dia, e são capazes de formar relacionamentos profundos e por toda a vida com os membros de suas famílias. São comumente vistos em processo de luto após a morte de seus entes queridos.
Infelizmente, Chai nunca chegou a experienciar qualquer coisa que se assemelhasse a uma vida natural e em família; pelo contrário, foi tratada como um objeto a ser usada e manipulada por humanos.
Em 2012, conforme publicado pela ANDA, uma investigação do Seattle Times revelou que a equipe do zoológico havia tentado inseminá-la artificialmente por chocantes 112 vezes. O processo era algo ainda pior que um estupro: suas quatro pernas eram acorrentadas e fixadas, para imobilizá-la. Com os tornozelos imobilizados, era inserido um longo tubo de até 10 metros de comprimento em seu trato reprodutivo, onde também havia uma micro-câmera acoplada.
Porém, mesmo acorrentada, Chai tentava evitar o estupro, e então ela era drogada com remédios poderosos como Valium. Além das correntes, às vezes Chai era confinada em uma gaiola de aço chamada de “dispositivo de retenção de elefantes”. Os registros veterinários mostraram que Chai sofria de problemas nas patas e nos pés. Ela demonstrava sintomas de distúrbio comportamental, como balançar o corpo para frente e para trás – sinal típico de grande angústia mental.
Ela teve apenas uma filha, chamada Hansa, que morreu com apenas seis anos de idade, após sofrer de um vírus mortal denominado “Elephant Endotheliotopic Herpesvirus”. Na época da sua morte, levantou-se a hipótese de que as práticas irresponsáveis de reprodução do zoológico fizeram com que ela desenvolvesse a doença. A ONG In Defense of Animals (IDA) disse que há muito tempo o zoológico utilizava práticas conhecidas por colocar elefantes asiáticos em alto risco de contrair esse vírus fatal.
A morte de sua única filha foi apenas um dos incidentes traumáticos de uma longa lista que Chai teve de enfrentar durante a sua vida. Ela também sofria de problemas nos pés – uma moléstia extremamente comum entre elefantes cativos – além de cólicas, artrite e dolorosas patologias na pele. Por ela nunca ter podido se exercitar em sua clausura de 4 m², a doença cardíaca também foi uma ameaça significativa. A obesidade é um dos grandes males a afetar elefantes em zoológicos – em 2014, pesquisadores da Universidade do Alabama revelaram que cerca de 40 por cento deles eram vítimas da doença. A história trágica de Chai torna claro o quão prejudicial a vida em cativeiro pode ser para esses animais.
Agora, as preocupações crescem em torno de Bamboo, a elefante com quem Chai dividiu o recinto a maior parte do tempo de sua vida. Ativistas de direitos animais em Seattle estão pedindo para que ela seja enviada para um santuário, onde ela possa viver o resto de seus dias em paz, ao invés de ser posta em exibição para entretenimento humano. É tarde demais para ajudar Chai, mas podemos esperar que os esforços dos ativistas em libertar Bamboo sejam bem sucedidos.