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PERDA

Morre a tartaruga-gigante resgatada no litoral de SC e que era tratada no Paraná

28 de julho de 2022
4 min. de leitura
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Foto: Reprodução | LEC-UFPR

Após sete anos de monitoramento de animais nas praias, uma tartaruga-gigante (Dermochelys coriacea) foi encontrada viva encalhada na praia de Itapoá Norte, em Santa Catarina. Profissionais do Laboratório de Ecologia e Conservação (LEC) da Universidade Federal do Paraná (UFPR) fizeram parte da força-tarefa organizada no dia 22 de julho para o resgate e a assistência ao animal. Durante a madrugada do sábado (23), a tartaruga não resistiu e foi a óbito. A espécie está criticamente ameaçada de extinção.

Os profissionais da equipe da Universidade da Região de Joinville (Univille), via Projeto de Monitoramento de Praias da Bacia de Santos (PMP-BS), fizeram o primeiro atendimento em campo. O diagnóstico inicial indicava que a tartaruga precisaria ser encaminhada para reabilitação. O centro estruturado para este atendimento mais próximo ao local do encalhe era o da UFPR, no Campus Pontal do Paraná, Centro de Estudos do Mar (CEM).

Em ação colaborativa, as equipes PMP-BS do LEC e da Universidade de Joinville fizeram o transporte do animal de Itapoá até o Centro de Reabilitação e Despetrolização de Animais Marinhos, em Pontal do Paraná. O trajeto entre os municípios durou cerca de três horas devido à neblina e ao trânsito, comuns no trecho nas noites de sexta-feira.

Em Pontal do Paraná, a equipe preparou uma estrutura médica para fazer o atendimento em ambiente natural, na praia de Pontal do Sul, devido ao tamanho do animal, 1,95m de comprimento. “Um indivíduo deste porte e pertencente a uma espécie tão ameaçada demanda de todo o conhecimento disponível e de um esforço integrado para potencializar a chance de sucesso de tratamento”, explica a bióloga Camila Domit. A coordenadora do PMP-BS no LEC da UFPR enfatiza que seria um grande desafio reverter o quadro do encalhe e reabilitar o animal.

O animal veio a óbito pouco tempo após sua chegada à praia de Pontal do Sul. De acordo com Camila, a espécie é muito sensível ao cativeiro, ao transporte e ao processo de reabilitação. Ambas as equipes declararam que “sentiram profundamente a perda do animal, ainda mais por ser uma tartaruga fêmea, adulta e madura sexualmente”, um indivíduo que tinha potencial de colaboração para recuperação da espécie.

A equipe PMP-BS da UFPR conduziu o trabalho de identificação da causa da morte e das patologias associadas ao encalhe do animal. Às 6h do sábado, os profissionais iniciaram o processo de necropsia. Inicialmente, foram detectados sinais de pneumonia, congestão e vários processos inflamatórios, o que indica que a tartaruga já estava há um tempo debilitada. Também foram encontradas marcas sugestivas de interação com atividade pesqueira e, por consequência, afogamento do animal. A previsão do laudo completo da necropsia do animal é de 90 dias.

A bióloga da UFPR lamenta o caso da tartaruga e afirma que agora é o momento de “juntar o quebra-cabeça” para entender o que aconteceu com o animal. “Vamos continuar trabalhando juntos, discutir sobre esses dados com os outros integrantes do PMP-BS. Vamos aprender e fazer nosso melhor para que toda a situação seja revertida em conhecimento e conservação para essa espécie ameaçada de extinção e para muitas outras espécies com as quais nós trabalhamos”, deseja a coordenadora.

Sobre a espécie

A tartaruga-gigante é uma espécie globalmente ameaçada de extinção. De acordo com informações do Projeto Tamar, seu peso pode chegar a 500kg e sua carapaça pode medir até 182cm de comprimento curvilíneo. Os estudos apontam que ela vive em zonas tropicais e temperadas dos Oceanos Índico, Pacífico e Atlântico, mas se aproxima das regiões costeiras em períodos onde há mais disponibilidade de alimento, como as águas-vivas. No Brasil, essa tartaruga costuma buscar alimento nas regiões sudeste e sul.

A espécie é avistada em regiões costeiras na época de desova. O litoral norte do Espírito Santo, próximo à foz do Rio Doce, é a área mais conhecida de desovas regulares do animal. No Paraná, não é comum avistar a espécie, mas já foram registradas fêmeas em atividades de desova em 2007, 2009, 2014 e 2020. Também já houve registros dessa espécie no estado em atividade de alimentação.

Ao encontrar tartarugas marinhas debilitadas ou mortas nas praias de Pontal do Paraná, é possível acionar a equipe do PMP-BS/LEC do CEM da UFPR pelo 0800 642 33 41 ou pelo WhatsApp (41) 9 92138746.

Sobre o PMP-BS

O PMP-BS é uma atividade desenvolvida para o atendimento de condicionante do licenciamento ambiental federal das atividades da Petrobras de produção e escoamento de petróleo e gás natural na Bacia de Santos, conduzido pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama).

O projeto tem como objetivo avaliar os possíveis impactos das atividades de produção e escoamento de petróleo sobre as aves, tartarugas e os mamíferos marinhos, por meio do monitoramento das praias e do atendimento veterinário aos animais vivos e da necropsia dos animais encontrados mortos.

O PMP-BS é realizado desde Laguna (SC) até Saquarema (RJ), sendo dividido em 15 trechos. O LEC/UFPR monitora o Trecho 6 (Paraná), compreendido entre os municípios de Guaratuba e Guaraqueçaba.

Fonte: Bem Paraná

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