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Microchips são implantados em camaleões em tentativa de repressão ao tráfico

28 de agosto de 2013
4 min. de leitura
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Por Otávio Monteagudo (da Redação)

Pesquisadores usam leitor de código de barras para acompanhar os passos de camaleões do deserto. (Foto: Daily Mail)
Pesquisadores usam leitor de código de barras para acompanhar os passos de camaleões do deserto. (Foto: Daily Mail)

Pesquisadores que tomaram para si a missão de combater o tráfico de animais estão usando um sistema de código de barras semelhante ao usado em supermercados para auxiliar no policiamento do comércio deste ilícito.

Microchips de identificação individual estão sendo introduzidos nos camaleões Namaqua do deserto da Namíbia para que seus movimentos possam ser rastreados, permitindo a alguém com o devido aparelho ‘ler’ o código do camaleão.

Os fotógrafos britânicos Ann e Steve Toon documentaram o projeto durante uma viagem à Namíbia, país do sudoeste africano.

Um comércio global legítimo oferta cerca de 60 mil camaleões por ano para servirem como animais domésticos ou partes de coleções de zoológicos privados e públicos, mas oficiais de alfândega costumam ter muita dificuldade em provar se um animal está sendo ilegalmente exportado. Esse é o motivo pelo qual a especialista em camaleões Krystal Tolley, do Instituto Nacional Sul-Africano pela Biodiversidade, na Cidade do Cabo, juntamente com Tommy Collard, um guia de ecoturismo do deserto, começaram com a identificação dos animais selvagens.

A Dra. Tolley garante que os microchips não causam mal algum aos animais e espera que ajude a diminuir o grande número de  roubos de camaleões Namaqua para fins de tráfico internacional. “Estamos inserindo uma minúscula peça de metal identificada com um código de barras logo abaixo da pele, utilizando uma seringa, e não vimos nenhum efeito colateral indesejado. A pele é esterelizada antes do procedimento, e tratamos do pequeno buraco, de um milímetro, logo após a introdução.”

O camaleão agora pode ser 'lido' quando o pesquisador coloca o scanner sobre ele. (Foto: Daily Mail)
O camaleão agora pode ser ‘lido’ quando o pesquisador coloca o scanner sobre ele. (Foto: Daily Mail)

O Namaqua tem como habitat natural as partes áridas da Namíbia, Africa do Sul e Angola. Ao contrário da maioria das 160 espécies documentadas de camaleão, o Namaqua passa boa parte do tempo tomando sol na terra seca. Ele possui as características típicas de um camaleão, exceto por seu aspecto único de uma faixa em zigue zague nas costas. Também consegue correr rápido ao detectar uma ameaça, mas seu habitat na área aberta do deserto facilita o trabalho de um eventual caçador, resultando em um trabalho difícil ao policiamento do tráfico.

Os fotógrafos Ann e Steve Toon registraram o projeto. (Foto: Daily Mail)
Os fotógrafos Ann e Steve Toon registraram o projeto. (Foto: Daily Mail)

A menos que pegos no ato da captura, é difícil às autoridades provarem que animais usados no comércio internacional foram retirados diretamente da natureza. É aí que entra o trunfo do microchip. “Sabemos que a rota comum de exportação do Namaqua é da Uganda para a Europa. Porém, essa espécie não é natural da Uganda, tornando mais fácil a alegação de que foi um exemplar descendente de animais em cativeiro. A detecção pelo código de barra irá ajudar a provar se o animal foi tirado da natureza ou não.”

A Dra. Tolley também acredita que o sistema de microchips irá fornecer informações valiosas sobre o comportamento dessa espécie até então pouco estudada.

Um camaleão Namaqua bebê logo antes dos pesquisadores introduzirem a unidade rastreadora. (Foto: Daily Mail)
Um camaleão Namaqua bebê logo antes dos pesquisadores introduzirem a unidade rastreadora. (Foto: Daily Mail)

Nota da Redação: O combate ao tráfico de animais é importante, mas é preciso lembrar que mesmo o comércio legítimo deve ser combatido. Assim como camaleões não devem ser retirados da natureza para serem vendidos, eles tampouco devem ser criados em cativeiro com esse único e exclusivo fim – servir como mercadoria; ser trocado por dinheiro. Não podemos encarar como aceitável o comércio de uma vida apenas porque ele é regulamentado e está dentro da lei, uma vez que as leis nem sempre são sinônimos de valores éticos e morais.

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