A menina Lívia Gabriella da Silva, de 2 anos, viralizou nas redes sociais por conviver e brincar diariamente com sapos. A criança é de Ituporanga, no Vale do Itajaí, e já foi gravada fazendo “comidinha” para os anfíbios, dando carinho e até deitada na cama da mãe com eles. Ambientalistas criticam a interação (leia mais abaixo).
No vídeo mais recente, o irmão dela, Pedro Henrique Mello, de 18 anos, a flagrou embaixo do chuveiro, enquanto dava banho em dois sapos. Com ela também estavam um pintinho e dois hamsters.
“Não neném, que tu pegou todos os bichinhos. Tu tá molhando os sapos? Não, neném, os ratinhos. Olha ali o pintinho. Vou chamar a mãe”, diz o Pedro, enquanto grava a ação da menina.
Responsável por apresentar os anfíbios à criança, Pedro conta que a paixão da menina pelos sapos, ou “papos”, como ela os chama, começou este ano, depois do primeiro contato.
“Peguei um [sapo] e fui mostrar para ela. Deixei ela pegar. Quando tirei, virou uma choradeira”, conta.
Além dos anfíbios, a menina costuma conviver com os animais silvestres e explorar sempre que os encontra. “Esses dias levei um susto, ela estava com uma aranha na mão”, conta.
Mãe de Pedro e Lívia, Arisseles Hilleshein, admite que teve receio no início do contato dos filhos com os animais, mas que essa convivência com animais silvestres ocorre desde quando o mais velho era criança. “Desde pequenininho o Pedro também tinha amor por sapos, animais, e a Lívia herdou isso dele”, conta.
E, apesar de levar alguns sustos, Arisseles se diz orgulhosa do amor que os filhos têm pelos animais.
“No começo eu ficava um pouco apreensiva. Agora não vejo problema nenhum. Claro que ela me dá alguns sustos quando ela bota em cima da minha cama, por exemplo, mas tenho muito orgulho de como os dois [Lívia e Pedro] respeitam a natureza”, diz .
Em outros vídeos publicados nas redes sociais, a criança aparece com lagarto, galinhas e, também, observando insetos. Entre os comentários, nas diferentes plataformas, seguidores a chamam de “criança raiz” e até dizem que, se tiverem filhos, querem que sejam como ela, amiga dos animais.
Menina deitada na cama com sapos
O vídeo de Lívia na cama da mãe com pelo menos quatro sapos sobre o corpo viralizou nas redes sociais na sexta-feira (9/9). Na gravação, a criança aparece acariciando os animais com naturalidade, enquanto o irmão mais velho grava a cena e chama a mãe.
A mulher chega ao quarto, e pergunta apavorada à menina: “o que é isso, Lívia?”. A criança responde que “é papo”, enquanto sorri (assista no vídeo abaixo).
O vídeo, publicado no domingo (4/9), passou de 41 mil visualizações no Instagram dos irmãos Pedro e Lívia no sábado (10/9).
Vídeo from Emerson Cardoso on Vimeo.
Pode pegar sapo na mão?
O biólogo da Fundação Jaraguaense do Meio Ambiente Christin Raboch, que atua em resgates de animais na região Norte do estado, recomenda não tocar nos anfíbios.
“A gente não recomenda ficar pegando animal silvestre na mão por dois motivos: um para que a pessoa não passe eventuais doenças para os animais. Outro, para que e o animal não passe algo, como algum fungo, para a pessoa”, diz.
Além disso, Raboch explica que existe uma única espécie que tem veneno mais grave, embora muitas pessoas tenham medo de sapos.
“No Brasil só tem uma espécie que solta aquele veneno que vai cegar a pessoa, que é na Amazônia. Os restantes dos sapos são inofensivos. Então, se estiverem na frente, tudo bem, pode deixar ele ali”, esclarece.
Maltratar é crime
Segundo o ambientalista Germano Woehl Junior, sapos são animais silvestres protegidos pela Lei 9605/98. A legislação diz que é ilegal “matar, perseguir, caçar, apanhar, utilizar espécimes da fauna silvestre, nativos ou em rota migratória, sem a devida permissão, licença ou autorização da autoridade competente, ou em desacordo com a obtida”.
Germano destaca que, ao mantê-los em casa, são submetidos a situação de estresse.
“São privados de se alimentar adequadamente justamente agora que é o período de reprodução e também eles precisam se deslocar aos locais de reprodução”, afirmou. “Os sapos não reagem por causa da natureza deles, do comportamento passivo, e o fato de não possuírem dentes para morder e nem terem unhas ou garras afiadas. Mas ficam com muito medo ao serem tocados”, complementa.
Nota da Redação: A ANDA alerta que animais silvestres não são animais domésticos, tampouco devem ser domesticados. Estes animais não devem ser mantidos em cativeiro e nem mesmo, manuseados. Não compre, não pegue, não manipule estes animais, pois esta prática é considerada cruel e abusiva e vai contra os direitos animais e ambientais. Amar e respeitar os animais silvestres e a natureza, é deixá-los livres e felizes em seus habitats naturais.
Fonte: g1