Por Vinicius Siqueira (da Redação)
Os tubarões-brancos na Austrália voltaram ao centro de mais um debate em que o preconceito e o ódio a estes animais aparecem explicitamente. O debate recomeçou após Chris Boyd ter sido morto enquanto surfava nas praias próximas à cidade de Gracetown, na Austrália Ocidental.
Segundo o próprio presidente do clube de surfistas da região, o litoral da Austrália está habitado por diversos tubarões desta espécie, entretanto, mesmo tendo esta informação, os surfistas da região ainda insistem em frequentar as praias locais. Chris foi morto após um ataque de tubarão e, após este acontecimento, o clube de surfistas reabriu o debate para que se inicie uma matança de todos os tubarões com mais de três metros, de acordo com a imprensa local.
A matança teria como objetivo proteger os surfistas e demais frequentadores das praias. Entretanto, assassinar tubarões em massa demonstra o quão fútil é essa iniciativa. Os tubarões, que já sofrem pelo preconceito e pelas falsas noções de que seriam animais assassinos, estão em seu habitat natural e vivem naquelas praias. Aquele é o lugar onde habitam por sobrevivência, ao contrário dos surfistas da região, que desejam o lugar para praticar um esporte.
Os tubarões são merecedores de seus lugares para sobrevivência, são detentores do direito inalienável de viver suas vidas em liberdade. Trata-se de perceber que os tubarões também têm lugar legítimo no mundo e que é dever de uma sociedade moderna respeitar o lugar de cada animal, protegendo, assim, sua liberdade.
Desta forma, é necessário também tentar enxergar a situação pelo olhar animal. Apesar de todo o preconceito já citado, ele se alimenta somente de outros peixes, crustáceos, mamíferos marinhos e aves. Segundo o mergulhador e conservacionista Gary Adkison, 90% dos casos de ataques de tubarões acontecem por engano, por terem confundido sua presa. Uma prova disso é o fato de que, normalmente, o tubarão solta o humano momentos depois de mordê-lo.
Os tubarões-brancos estão sob status de proteção desde 1990, quando haviam menos de dez mil indivíduos nos mares da Austrália e o massacre destes animais tem como pressuposto a retirada do status que os protege legalmente, entretanto, Colin Barnett, o presidente do Governo do Estado da Austrália Ocidental, se posiciona contra a matança de tubarões. Ainda não foi tomada nenhuma decisão definitiva sobre o caso.