Por Fernanda Franco
Trinta porcos transportados por caminhão morrem durante acidente em avenida de SC
A triste morte lhes viria de qualquer jeito.
Cento e dez porcos estavam sendo transportados a caminho de algum lugar onde com certeza não seriam felizes. Suas vidas já estavam condenadas.
O destino para onde estavam sendo conduzidos pelo grande caminhão era inevitável: a morte. Por mãos humanas eles seriam criados, por mãos humanas eles chegariam ao abatedouro e por mãos humanas eles morreriam. Depois, por mãos humanas, seus cadáveres seriam apreciados.
Mas o caminhão tombou e trinta deles morreram antes.
Alívio? Certamente que ainda preferiam a vida. Uma vida digna, porque nasceram livres e o homem fez deles uma sombra do que nasceram para ser.
Tristeza? Impossível saber o que é mais triste – morrer antes ou morrer depois.
Não sabemos o que sentiram os trinta porcos mortos no meio do caminho.
O que sabemos é que os consumidores que se alimentam desse percurso de sofrimento continuam pegando os seus garfos e comendo alguns pedaços de seus corpos dilacerados. E que, entre uma conversa e outra, mastigam as partes dos animais condenados que sobreviveram ao acidente na estrada. Depois guardam o que sobra na geladeira. E fazem a sesta.