No verão passado, mais de 100 animais selvagens, incluindo sapos, musaranhos e cobras, foram vítimas de um incêndio florestal no Texas, ficando presos atrás do muro de concreto da fronteira dos EUA. Documentos internos do Serviço de Pesca e Vida Selvagem dos EUA (FWS), obtidos por um grupo ambientalista, revelam que cientistas do governo encontraram os animais queimados ao longo de um trecho de um quilômetro e meio do muro, que impediu a fuga da vida selvagem durante o incêndio.

Os memorandos destacam que o incêndio ocorreu no refúgio nacional de vida selvagem do Vale do Baixo Rio Grande, uma área protegida federalmente. O muro de concreto, construído principalmente durante as administrações Bush e Trump, cobre cerca de 40% da fronteira entre os EUA e o México, totalizando 3.100 quilômetros. Mesmo com a promessa de campanha de suspender a construção de muros, o presidente Biden continuou a construir novas seções.

O incidente resultou na morte de mais de 100 animais, incluindo sapos leopardo, sapos-cururus, musaranhos, aranhas tarântulas, cuco de bico amarelo, cuco ani de bico sulcado, cobras e pássaros. As barreiras de concreto e aço, consideradas intransponíveis para a maioria dos animais, impediram sua fuga durante as condições climáticas adversas.

Os ambientalistas alertam há muito tempo sobre os impactos negativos do muro fronteiriço na vida selvagem, interferindo no acesso a alimentos, água, abrigo e parceiros, além de representar ameaças à segurança. Governos anteriores renunciaram a mais de 20 leis destinadas a proteger a flora e a fauna para acelerar a construção do muro. A crise climática intensifica esses riscos, com eventos climáticos extremos, como inundações, incêndios e secas, afetando cada vez mais a região da fronteira sul dos EUA.

A Alfândega e Proteção de Fronteiras (CBP) instalou algumas aberturas para a vida selvagem em partes do Arizona, mas ao longo das seções de concreto ao longo do rio onde os animais pereceram, não foram implementadas medidas semelhantes. A administração Trump enfrentou um processo judicial relacionado ao financiamento da construção do muro, resultando em um acordo para a instalação de aberturas adicionais para a vida selvagem.

O CBP não respondeu aos pedidos de comentários sobre o incidente.