Invasões de matadouros, libertação de animais e projeto que visa o banimento da pecuária intensiva são alguns exemplos controversos que têm gerado grande repercussão e feito o ativismo pelos direitos animais ganhar mais adeptos e força na Suíça, país com 8,4 milhões de habitantes, quase três milhões a menos do que o estado do Paraná.
Em 2018, um relatório do grupo de mídia Tages-Anzeiger apontou que os militantes veganos mais ativos estão na parte francófona do país, embora não tenha fornecido números. Na região onde há um predomínio da língua alemã, as mudanças também estão acontecendo.
No ano passado, em uma ação que atraiu repercussão mundial, 130 ativistas da organização 269 Libération Animale impediram o abate de animais em um dos maiores matadouros da Suíça. Eles entraram em uma das instalações dos frigoríficos Bell por volta das 2h20 e ocuparam todo o espaço do “corredor da morte” – o último caminho trilhado pelo gado antes da execução.
Conseguiram resistir até as 20h, quando a polícia invadiu o local, inclusive agredindo alguns ativistas. Apesar disso, a organização comemorou o resultado da ação que atraiu atenção internacional para a realidade dos animais criados para consumo e motivou inúmeros jovens a se tornarem veganos: “Sem abate, sem vítimas, hoje em um dos maiores matadouros da Suíça, graças à ação direta e a corresistência”, publicou o 269 Libération Animale, que hoje tem mais de 73 mil seguidores só no Facebook.
Também em 2018, dois ativistas do mesmo grupo foram acusados de invadir um matadouro e fugir transportando 18 cabras que seriam abatidas, segundo informações do Swissinfo. O episódio foi levado ao tribunal, divulgado por diversas emissoras de TV e se tornou “o primeiro julgamento suíço de roubo de animais em um matadouro”. Apesar das implicações legais, os animais não foram localizados, ganharam novas famílias e mais mentes jovens foram transformadas.
Além disso, uma recente pesquisa de opinião encomendada pelo grupo suíço de defesa dos direitos animais Tier im Fokus revelou que 17% dos entrevistados apoiam o fechamento de todos os matadouros na Suíça; e três entre quatro entrevistados são contra a pecuária intensiva, de acordo com o Tages-Anzeiger.
No campo legal, algumas mudanças também estão acontecendo. Uma iniciativa liderada pela organização Sentience Politics, e que conta com o apoio de outras organizações e grupos de bem-estar animal e direitos animais, tem lutado para tornar ilegal a pecuária intensiva. Intitulada “No Factory Farming in Switzerland”, a campanha exige a criação de uma emenda constitucional em oposição às fazendas industriais.
Vale lembrar ainda que no ano passado uma pesquisa da organização Eco Experts elegeu a Suíça como o melhor país para vegetarianos na Europa. O estudo analisou 26 países europeus e comparou o número de restaurantes vegetarianos disponíveis, consumo anual de carne e preço do quilo da carne. Considerando esses fatores, a Suíça ficou em primeiro lugar, seguida pelo Reino Unido.