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Mercado de carne de cachorro sustenta o tráfico de animais domésticos na Ásia

15 de outubro de 2013
3 min. de leitura
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Por Monika Schorr (da Redação)

Foto: Guilherme Tavares
Foto: Guilherme Tavares

Anualmente, centenas de milhares de cães são capturados na Tailândia e contrabandeados para fora do país para abastecer o lucrativo mercado vietnamita de carne de cachorro, conforme reportagem do jornal britânico The Guardian. No Vietnã, a carne de cachorro é considerada uma iguaria e consta nos cardápios dos restaurantes mais luxuosos do país.

Há um mito infundado de que a carne de cachorro aumenta a virilidade masculina, faz com que mulheres grávidas produzam mais leite e aquece o sangue em noites frias de inverno. Como se só isso não bastasse, os vietnamitas acreditam que quanto mais cruel e violenta a forma de tratar os cães antes de serem assassinados, mais saudável e macia será sua carne. A demanda, no Vietnã, por carne de cachorro é tão alta que os contrabandistas estão roubando cães das casas de seus tutores tailandeses para suprir este mercado.

Foto: Reprodução
Foto: Reprodução

Esta situação está encontrando resistência na Tailândia, onde os traficantes estão se deparando com uma crescente onda de revolta. A Soi Dog Foundation, organização tailandesa de defesa dos direitos animais, afirmou que desde que começou a conduzir uma intensa campanha sobre este assunto, no final de 2011, a polícia nacional da Tailândia prendeu mais contrabandistas de cães do que em qualquer outro momento no passado.

A Organização Mundial da Saúde mencionou que o comércio de carne de cachorro é uma das principais causas dos recentes surtos de raiva e de cólera que atingiram o Sudeste Asiático. Em consequência desta pandemia, autoridades do governo tailandês concordaram em se aliar à organização internacional de defesa animal, Asia Canine Protection Alliance (ACPA), para colocar um fim no comércio de carne de cachorro.

Foto: Reprodução
Foto: Reprodução

Uma moratória de cinco anos será decretada, suspendendo o transporte comercial de cães entre Tailândia, Vietnã e outros países do Sudeste Asiático e as leis que coíbem o contrabando serão aplicadas com mais rigor. Entretanto, fiscais recebem suborno para não pararem a entrada de caminhões com centenas de cães amassados dentro de pequenas gaiolas. Alguns morrem durante o caminho e outros sofrem de desnutrição, fratura nos ossos e desidratação. Nesta variedade de exploração animal, a mesma lógica do ocidente que é aplicada comumente às vacas, porcos e galinhas, aqui é aplicada aos cães, que se tornam seres sem direitos e utilizados para o consumo humano.

Pornpitak Panlar, membro do departamento tailandês de controle de doenças, declarou, numa entrevista ao jornal Bangkok Post, que “não podemos mudar cultura e hábitos, mas devemos acabar com o contrabando de cães”. O que é o primeiro passo para já colocar em pauta uma discussão sobre os hábitos e sobre a cultura local. Animais não podem ser mortos tendo como justificativa a cultura ou os hábitos tradicionais, pois esta explicação é antiética. Se animais são seres vivos com direito à vida, então o comércio ou o consumo de qualquer animal não pode ser justificado pela tradição, por hábitos ou pela cultura. É injustificável.

Com relação ao compromisso do governo tailandês de trabalhar em conjunto com a ACPA, Panlar disse que “esta união é importante para exortar os setores públicos a prestar a devida atenção aos problemas causados pelo comércio de carne de cachorro e para que elaborem um plano para conter a propagação da raiva”.

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