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CONSCIÊNCIA

Lobos-marinhos são ameaçados por lixo descartados no mar

20 de julho de 2021
Elys Marina | Redação ANDA
3 min. de leitura
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Reprodução | Passo de Torres TV

Diversos lobos-marinhos saem correndo ao mar. Fogem de Naude Dreyer, ambientalista e fundador da ONG Ocean Conservation Namibia, que os seguem a toda velocidade com uma rede parecida a um grande pegador de borboletas tentando prender um dos animais para libertá-lo do fio de plástico que está em seu pescoço.

Mas os lobos marinhos não sabem de suas boas intenções e lutam para não serem capturados. Por fim, Dreyer consegue prender um dos filhotes pela cauda, o arrasta para fora da água e o imobiliza para cortar o plástico envolvido em seu pescoço. Essa caça particular, que pode parecer prejudicial ao animal caso a gravação não seja vista até o fim, felizmente acaba com o lobo-marinho retornando ao mar sem o fio que estava cravado em sua pele.

Este resgate ocorreu em abril do ano passado e muitos outros foram realizados. O filhote pertence à colônia de 50.000 a 100.000 lobos-marinhos que vivem na península de Pelican Point, um espigão que protege a baía de Walis na Namíbia, no sudoeste da África. Estima-se que ao longo da costa do país exista uma população de 1,5 milhão de lobos-marinhos.

Os lixos jogados e abandonados no oceano, principalmente os restos de redes de pesca, se transformam em um dos maiores perigos para esses mamíferos marinhos. Esses objetos “os prendem, torturam e matam”, alerta a ONG.

São animais brincalhões com “qualquer coisa que possam encontrar”. Um comportamento que frequentemente faz com que fiquem presos por “plástico, roupa, restos de redes, aros de latas de tinta oxidados e qualquer coisa que possa parecer um brinquedo”. E a curiosidade desses animais pode ser literalmente fatal.

Os resgates nem sempre são bem-sucedidos. O trabalho se dificulta quando Dreyer e sua equipe enfrentam a captura dos lobos marinhos adultos. “Eu levei várias mordidas, mas o que nos preocupa mais é a segurança dos animais”, relata Dreyer. Nesses casos, são necessárias redes especiais e “muita criatividade”, e nem sempre funciona.

Mesmo com a impressão que os resgatadores possam ferir os lobos-marinhos auxiliados quando os agarram pela cauda e os mesmos ficam por cima dos animais para evitar que se movam, a ONG afirma que são animais muito resistentes e que a pressão que exercem sobre eles é, em todo caso, “incômoda, mas não significa nenhum risco”.

O objetivo da organização, fundada em 2020, é libertar as focas, lobos-marinhos e outras espécies do lixo que o homem lança ao mar como se fosse um lixão capaz de tragar tudo. Entre os anos de 2019 e 2020 salvaram mais de 900 indivíduos, e nos últimos oito anos (o tempo em que a equipe trabalha nos resgates ) o ambientalista resgatou outros 1.600 animais.

Dreyer registra todas as informações para pesquisas futuras e espera que o trabalho de sensibilização termine em um comportamento mais responsável e que evite esse perigo. É preciso levar em consideração que até mesmo pequenos pedaços de fio de pesca podem matar focas completamente desenvolvidas, diz a ONG.

Todos os anos chegam ao mar oito milhões de toneladas de plástico, 12 milhões se for contabilizado outro tipo de lixo, diz o Greenpeace que afetam os animais marinhos não só porque os prendem como os lobos marinhos, focas, tartarugas, baleias, e sim porque o ingerem no formato de microplásticos (fragmentos inferiores a cinco milímetros).

Também foram detectados componentes químicos dos plásticos em baleias-comuns (rorquais) do Atlântico. Um estudo do CSIC (Conselho Superior de Pesquisas Científicas) da Espanha detectou uma quantidade importante de substâncias usadas para dar suavidade ao plástico e como retardantes de fogo. O krill, um pequeno crustáceo e principal fonte de alimentação das baleias, contém o mesmo nível dessas substâncias.

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