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Litoral cearense propicia encalhe de espécies marinhas

13 de novembro de 2013
4 min. de leitura
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O super esforço de pesca e mais a poluição têm propiciado encalhe de animais marinhos no litoral cearense. Mais um caso aconteceu no último domingo, na praia de Quixaba, no município de Aracati, Litoral Leste do Ceará. Desta vez uma tartaruga marinha foi encontrada por populares e resgatada por colaboradores da ONG Aquasis, que atua em parceria com o Projeto Cetáceos da Costa Branca, da Universidade Estadual do Rio Grande do Norte (PCCB/UERN), no monitoramento e resgate de animais encalhados na costa desta região.

A espécie era uma tartaruga-verde (Chelonia myda), encontrada viva na praia de Quixaba. O animal com 103 centímetros de comprimento de casco foi encaminhado para a casa de uma moradora, que recebeu orientações dos técnicos do projeto sobre os primeiros cuidados e acomodação do animal.

De acordo com a veterinária que examinou o animal, Abna Paula Brito, a tartaruga-verde, um macho adulto, se encontrava bastante debilitado e magro e não resistiu, vindo a óbito antes mesmo da chegada do resgate. “Diante disso, o animal foi encaminhado para o laboratório do PCCB/UERN e necropsiado, onde se constatou que a morte foi decorrente de uma infecção generalizada promovida pela grande ingestão do lixo jogado no mar”, conta. O animal pesava na faixa de 80kg.

A moradora Maria Felipe, contou que outra tartaruga, deste vez uma de pequeno porte, encalhou por volta das 11 horas de  segunda feira (11), pouco tempo depois eu a equipe do projeto cetáceos recolheu a que encalhou domingo. Ela é uma das colaboradoras voluntárias que cuidas dos animais encalhados.

De acordo com o biólogo e coordenador geral do projeto Cetáceos da Costa Branca, Flavio Lima, o encalho de tartarugas das cinco espécies presentes na costa potiguar e cearense já foi registrado nesta área, segundo ele são os grupos mais frequentes de animais atingidos. O litoral cearense é bastante propício a esse fato, afirmou ele.

“Isso ocorre por dois fatores. Primeiro, a própria extensão da costa, que é bem maior, e como é uma região bastante habitada, utilizada pela pesca, temos uma grande quantidade de fatos nessa região, que abrange as cidade de Aquiraz até Icapuí, onde faz divisa com o litoral do Rio Grade do Norte”, conta.

Interação

Segundo Lima os dois principais motivos de encalho e morte destes animais é a interação com a atividade pesqueira, que é bastante intensa no litoral cearense e a ingestão de lixo, por parte dos animais. “Animais encalhados ou eles foram enredados ou tiveram algum tipo de contato com apetrechos de pesca, além da ingestão de grandes quantidades de lixo, que eles acabam confundindo facilmente com sua alimentação”, ressaltou.

Segundo o biólogo e coordenador de resgate da Aquasis, Antônio Carlos Amâncio, 100% dos animais que são encontrados mortos apresentam grande quantidades de lixo em seus aparelhos digestivos, após realização de necrópsia. Esses dados, como número de encalhes de animais vivos e mortos, são utilizados em trabalhos e campanhas de educação ambiental realizados pela ONG em todo o litoral cearense, como meio de informar as comunidades pesqueiras do que acontece com esses animais e os cuidados que devem ter com a praia.

Desde 2009, o projeto Cetáceos da Costa Branca passou a executar, um parceria com a Aquasis, o projeto de monitoramento de praias da Bacia Potiguar, que é uma condicionante ambiental para o licenciamento das atividades de exploração de petróleo na Bacia Potiguar, pela Petrobras. O monitoramento dos encalhes abrange a faixa que vai da praia da Caiçara do Norte, no Rio Grande do Norte, até Aquiraz, no Ceará.

Voluntários

Só o Ceará possui 573 km de praia e para auxiliar os biólogos no monitoramento e primeiros socorros em casos de encalhes de animais, os projetos contam com a atuação voluntárias de colaboradores da própria comunidade. Segundo Lima, esses moradores recebem treinamento para realizar os primeiros atendimentos em casos de animais encalhados e um kit de primeiros socorros, que conta com uma piscina desmontável, luvas, máscara e toalhas para proteger os animais até a chegada da equipe de resgate acompanhada de um médico veterinário.

“Esses são pessoas importantíssimas para sobrevivência desses animais. Até a equipe chegar o animal recebe os primeiros cuidados pelos moradores e somos muito gratos porque eles fazem esse trabalho de forma voluntária. Se tornar mais eficaz e eleva as chances de sobrevivência desses animais”, ressalta Lima.

Mais informações

Tartarugas marinhas
Projeto Cetáceos da Costa Branca.
Telefone: (84) 8843 4621
Mamíferos, Aquasis
Telefone: (85) 9675.0665

Fonte: Diário do Nordeste

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