Por Marcela Couto (da Redação)
É comum que as touradas provoquem reações de indignação, mas também é preciso voltar a atenção para uma prática cruel tão semelhante que ocorre no Brasil: as chamadas “vaquejadas”.
Um boi é solto, visivelmente atordoado, e corre em disparada enquanto é perseguido por dois peões montados a cavalo que tentam a todo custo derrubá-lo. Uma cena que parece pura demonstração de sadismo é chamada de esporte no nordeste, onde as vaquejadas são consideradas “patrimônio cultural”, lotam arenas e geram lucros milionários.
São cerca de 3 milhões de adeptos da prática, com mais de 4 mil provas sendo realizadas ao ano com um movimento econômico de R$ 600 milhões, de acordo com a Associação Brasileira de Vaquejadas (ABVAQ). Na contramão das conquistas pelos direitos animais, a atividade cruel está crescendo 20% ao ano.
No final de 2015, a Câmara aprovou uma proposta que torna a vaquejada manifestação da cultural nacional, e recentemente a questão chegou ao Supremo Tribunal Federal (STF), tamanha a polêmica em torno da regulamentação.
Os ministros se dividiram ao julgar a ação, pois metade reconhecem a necessidade de banir a prática pela crueldade contra os animais e a outra metade acredita que a proibição não impedirá que os eventos continuem na ilegalidade.
Ainda não há previsão de quando o assunto voltará à pauta, mas O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, lembra que “a Constituição Federal veda o tratamento cruel aos animais”. Pela lei, as vaquejadas são práticas ilegais e inconstitucionais, pois submetem animais a abusos, crueldade e maus-tratos, devendo ser coibidas com rigor pelo Poder Público e pela coletividade, conforme o disposto no art. 225, § 1º, VII, da Constituição Federal e demais leis ou atos legais de caráter ambiental.
No vídeo abaixo, aos 4 minutos, é possível acompanhar os bastidores cruéis de uma típica vaquejada. As cenas mostram um vaqueiro agredindo covardemente um cavalo, cutucando com as esporas e causando imensa dor e sofrimento.
Segundo a APIPA, Associação Piauiense de Proteção e Amor aos Animais, não são divulgados para o publico os métodos cruéis utilizados para ocasionar a corrida dos bois, mas sabe-se de seu confinamento prévio por longo período, luvas com pequenos pregos para sustentar a cauda do animal, a utilização de açoites e a introdução de pimenta e mostarda via anal, choques elétricos e outras práticas caracterizadoras de maus-tratos.
Da mesma maneira que os adeptos das touradas, os praticantes da vaquejada defendem a legalização da tortura como “manifestação cultural”. O argumento é facilmente derrubado quando consideramos toda forma de violência e crueldade que já foi legitimada pela tradição, e felizmente evoluímos moldando a cultura em defesa dos direitos humanos e direitos animais.
Cabe a nós, ativistas e defensores dos direitos animais, nos posicionarmos contra as vaquejadas, aproveitando o momento de discussão. Assine a petição e ajude a pressionar o STF para proibir de vez essa prática arcaica e cruel.