No início de 2013, quando Jess Strathdee e seu parceiro Andrew decidiram trabalhar em uma fazenda de gado leiteiro em Canterbury, na Nova Zelândia, eles acharam que tinham encontrado o estilo de vida rural perfeito. Juntos por mais de uma década, o casal aceitou recomeçar uma vida baseada em longas horas de trabalho fisicamente exaustivo; isto porque era uma oportunidade de passarem mais tempo juntos, sentindo o ar fresco do campo, sem o deslocamento diário.
Porém, depois de conviver com vacas e bezerros por quase quatro anos Jess, que, tinha uma típica dieta onívora – rica em carnes e laticínios, deu uma guinada em sua vida – tornando-se vegana e ativista dos direitos animais. “Depois de romper essa barreira de condicionamento social do consumo de carne, você acorda em um mundo de horror”, relatou a Carmen Lichi, do “Now To Love”, da Nova Zelândia.
Segundo Jess Strathdee, que nunca tinha sido uma amante dos animais, e só havia convivido diariamente com um cão em sua infância, quando você se torna vegano, você percebe que esteve cego diante do holocausto que acontece ao seu redor. A princípio, quando começou a trabalhar na fazenda que contava com um rebanho de 600 vacas, ela teve um sentimento de “orgulho e solidariedade em relação às vacas” – e exatamente por causa da perspectiva romântica que as pessoas têm a respeito da produção leiteira.
Contudo, a realidade descortinou essa ilusão assim que ela testemunhou a primeira temporada de nascimento de bezerros. “A sensação de horror foi imediata. Vi mães que deram à luz na neve ou durante tempestades e foram imediatamente privadas de seus bebês – elas nem sequer conseguiram limpá-los primeiro. Os menores bezerros eram alimentados por sonda duas vezes ao dia durante quatro dias; um litro de colostro derramado de uma só vez”, afirmou ao “Now To Love”.
Jess sabia que as vacas precisam gerar vidas para produzirem leite, mas não tinha ideia de que os bezerros poderiam ser afastados das mães tão rapidamente: “Naquela primeira manhã, eu sabia que nunca mais tomaria leite e chorei todos os dias por duas semanas.”
Porém, Jess ficou grávida, e ela e o marido decidiram continuar na fazenda. Em julho de 2016, em sua quarta temporada de nascimento de bezerros, Jess sofreu com uma grave depressão: “Nunca me senti suicida antes, mas quase perdi a cabeça. Ser mãe intensificou tudo o que eu sentia pelas vacas e seus bebês. Acordei e percebi exatamente o que eu estava fazendo para pagar as minhas contas”, declarou.
O local onde os bezerros nasciam não era distante da janela de Jess, e ela podia ouvir as dores das vacas a noite toda. Elas observavam seus filhos afetuosamente e os limpavam, até que Andrew chegava com um trator e uma gaiola para levar os bebês para os currais.
Jess, que não era afeiçoada às redes sociais, um dia entrou no Facebook e encontrou muitos veganos e grupos dos direitos animais; o que a motivou. Conversando com um ativista vegano chamado Carl Scott, de Dunedin, que já foi funcionário de um matadouro, ela percebeu que definitivamente precisava mudar de vida.
Jess Strathdee garantiu que seria capaz de deixar o marido se ele não concordasse em partir. “Eu tive que sair. Eu certamente estava perdendo a cabeça”, justificou. Para a sua surpresa, Andrew disse que também estava infeliz na fazenda e não suportaria outra temporada de nascimentos de bezerros. Atualmente, o casal reside em uma pequena cidade costeira de Canterbury, onde criam o filho Mac como vegano: “As coisas não são fáceis, porque vivemos com pouco, mas estamos felizes.”
Referência
Lichi, Carmen. Former dairy farmer tells how the job turned her vegan (16 de agosto de 2017).