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Investigação revela terríveis condições de transporte de bezerros para matadouros

15 de junho de 2017
3 min. de leitura
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De acordo com os números obtidos pelo The Times, mais de três mil bezerros foram enviados da Escócia para a Espanha em 2016, uma viagem que leva entre 90 e 120 horas.

Bezerros amontoados durante viagem a matadouros
Foto: Reprodução, The National

Os bebês do sexo masculino são cruelmente arrancados de suas mães antes de serem desmamados e, quando chegam ao destino, provavelmente passam alguns meses em recintos estéreis, sem roupas de cama e recebem uma alimentação deficiente em ferro, principalmente do leite, para a produção da “vitela branca”, de acordo com a organização de proteção animal Compassion in World Farming (CIWF).

O grupo também enfatiza que os bezerros não estão bem adaptados para lidar com o transporte. De acordo com a CIWF, os sistemas imunológicos dos bezerros não estão totalmente desenvolvidos e eles não conseguem controlar a temperatura corporal.

Por isso, eles são suscetíveis a ainda mais estresse gerado também pelo calor ou frio. Os animais sofrem perda de peso e ficam doentes e muitos morrem durante o transporte.

A Agência de Saúde Animal e Vegetal, que divulgou os números sob a lei da Liberdade de Informação, não informou os portos usados para o transporte, mas disse que os horários sugerem que os bezerros viajaram pela Irlanda e pela França, em duas viagens de ferry e três em estradas, informa a reportagem do The National.

Pelos regulamentos da EU, os bezerros não desenvolvidos não devem viajar por nove horas e deve ocorrer uma parada de uma hora, antes de no máximo mais 11 horas de transporte. A legislação estabelece que os animais devem então ser descarregados em 24 horas.

Penny Middleton, gerente de políticas da National Farmers Union Scotland, argumentou que os bezerros foram enviados para a Espanha “porque os britânicos não consomem muito vitela”.

Em março, a Royal Highland and Agricultural Society of Scotland (RHASS) registrou US$ 573 milhões em gastos com carne de bois e vacas em 2016, um aumento de 3% em relação ao ano anterior.

O grupo de proteção OneKind disse que os animais foram transportados além de um destino europeu e enfrentaram períodos de jornada ainda mais duradouros.

“Acreditamos que não deve haver transporte de animais vivos para matadouros”, declarou o superintendente-chefe escocês da SPCA, Mike Flynn.

As exportações de animais vivos frequentemente despertam indignação. Em meados dos anos 90, houve grandes protestos que tiveram a participação de milhares de defensores dos direitos animais.

Muitos confrontos com policiais ocorreram e o manifestante Jill Phipps foi morto quando correu em direção a um caminhão que transportava bezerros para a indústria de vitela e foi esmagado sob as rodas.

Quando as exportações do Reino Unido foram proibidas em 1996, por causa do medo da doença da vaca louca na cadeia alimentar, os protestos diminuíram.

A proibição foi suspensa em 2006 e, apesar de algumas manifestações serem realizadas, a revolta do público nunca mais foi a mesma.

Em muitos países, como o Reino Unido, a produção de vitela está intimamente ligada ao comércio de laticínios. A vitela é a carne dos bezerros, principalmente de bezerros machos nascidos em fazendas de laticínios, que são considerados inapropriados.

A maior produtora de vitela da UE é a França, que mata 1,6 milhão de bezerros a cada ano.

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