Redação ANDA – Agência de Notícias de Direitos Animais
Famílias que tentam “viver eticamente” têm comprado energia verde que se origina de uma fazenda de porco descrita como um buraco do inferno.
Uma fazenda de Somerset (Irlanda) está no centro das denúncias de crueldade por fornecer excrementos dos animais para uma usina de energia próxima que os transforma em biogás.
O biogás é queimado para gerar energia ou usado no abastecimento nacional para milhares de casas com energia verde. Os consumidores ficarão consternados ao descobrir que a fazenda, que é a fonte de uma parte dessa energia, tem mantido os animais em condições terríveis.
Ativistas do grupo de bem-estar animal Viva filmaram a Lambrook Pig Farm, que explora oito mil animais em Shepton Mallet.
As imagens parecem mostrar uma chocante miséria com tanto porcos vivos e mortos cobertos com sua própria sujeira. Justin Kerswell, da Viva, disse: “Quando os consumidores tomam uma decisão ética de comprar o que acreditam ser energia verde, estou certo de que nenhum deles imaginaria que isso viria de um buraco como este”.
Os excrementos dos porcos, que são considerados propriedades de uma empresa sediada na Irlanda do Norte, chamada JMW Farming, são bombeados para uma usina de energia ecológica nas proximidades, que é da indústria de laticínios que produz a famosa marca de queijo Wyke Farm.
O local possui um digestor anaeróbio, que decompõe a matéria orgânica usando microrganismos para liberar biogás rico em metano. Parte disso é queimada na usina para produzir eletricidade e alguns são refinados e adicionados à rede nacional e usados no aquecimento central de residências.
Parte da energia é vendida para a empresa Good Energy, que abastece dezenas de milhares de casas. Uma pequena proporção do gás é vendida à Sainsbury’s para aquecer supermercados.
A Wyke Farms, a Good Energy e a Sainsbury’s insistem que são fortes partidárias do bem-estar animal e não toleram qualquer tipo de crueldade.
Após uma investigação desencadeada por inquéritos da reportagem, a Wyke disse que estava analisando se deve continuar a aceitar os fornecimentos da fazenda.
As imagens secretas do local capturadas pela Viva parecem mostrar que a única estimulação mental para os porcos, que são animais inteligentes, são correntes penduradas no teto.
O grupo relatou suas descobertas aos inspetores no Escritório Governamental de Saúde Animal.
“Muitos consumidores que evitam a carne ou os produtos de fazendas industriais ficam chocados, com razão, com o fato de suas casas serem aquecidas pelo que só pode ser descrito como um abuso de animais legalizado. Os porcos da Lambrook estão condenados a uma vida curta entre seus próprios resíduos e às vezes com animais mortos. O mínimo indispensável foi feito para permanecer dentro da lei, mas as condições são terríveis”, declarou Kerswell, membro da Viva.
A JMW Farms, que aluga o terreno para sua fazenda de porcos da Wyke, não respondeu aos pedidos de comentários. A Wyke disse que apenas uma proporção minúscula do gás e da eletricidade produzidos em sua usina de energia ecológica – menos de 1% – é criada a partir de resíduos da unidade de Lambrook.
A empresa afirmou que a JMW informou que a filmagem não reflete com precisão as condições em que os porcos são mantidos e que a fazenda “passou por uma auditoria”.
Apesar disso, a Wyke está analisando se permitirá que a fazenda de porcos continue operando e abastecendo sua fábrica. Segundo a Wyke, a grande maioria do material orgânico usado na usina é originário dos seus próprios restos de leite. Isto é suplementado por resíduos de pão, palha e bagaço de maçã, que é o material que sobra após a extração do suco.
A Good Energy, que se orgulha de oferecer uma energia mais “gentil, melhor, mais natural’, que ajuda a proteger o que importa para você “, disse que precisa de eletricidade, mas sem biogás da fábrica. Um porta-voz declarou: “Ficamos muito preocupados ao ouvir sobre os maus-tratos de animais em uma fazenda que fornece resíduos à Wyke Farms. Não temos relação contratual com a JMW. Pedimos à Wyke Farms que faça uma investigação sobre isso imediatamente”.
A Sainsbury alegou que “não hesitaria em tomar as medidas adequadas caso seja revelado que qualquer fornecedor violou seus padrões de bem-estar”, segundo o Daily Mail.