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Impasse sobre o destino de bois mortos gera protestos no Pará

13 de outubro de 2015
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Foto: Divulgação
Foto: Divulgação

A situação se agravou em Barcarena, nas últimas horas, diante do impasse sobre o que fazer, e como fazer, para minimizar o impacto ambiental e a impaciência das comunidades da região depois do acidente que resultou no naufrágio do navio Haidar, de bandeira libanesa, e a morte de cerca de 5 mil bois que seguiriam do porto de Vila do Conde para Caracas, na Venezuela. Os órgãos públicos não se entendem sobre o destino dos bois que, já em estado de putrefação, precisam ser enterrados ou incinerados.

Para piorar, os 4.800 bois mortos dentro do navio Haidar começaram a literalmente explodir no fundo do rio, expelindo resíduos altamente poluentes para a superfície. Ou seja, além do óleo, que contamina as praias, agora os restos dos animais em decomposição começam a se espalhar por toda região, numa tragédia ambiental que ainda parece estar só no começo. Informações de líderes comunitários, hoje à noite, davam conta de pessoas que passavam mal, devido ao odor insuportável, precisando de atendimento médico. Ocorre que só havia uma ambulância para levar os moradores em pior situação para o hospital de Barcarena.

A Companhia Docas do Pará (CDP), por outro lado, decidiu enterrar os 200 bois que morreram afogados fora das gaiolas do navio, enquanto o Haidar afundava, num terreno da localidade conhecida por Pedral, na estrada da Alça Viária. Para enterrar os animais, a CDP estaria utilizando uma autorização por escrito concedida pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama). Cerca de 40 bois, porém, já haviam sido enterrados, quando moradores próximos do terreno decidiram intervir, impedindo a continuidade do serviço. Eles fecharam o local, denunciando o mau cheiro na área no transporte dos animais em estado de decomposição.

O Ibama, na verdade, estaria usurpando a competência do Estado ao expedir a licença para enterrar os bois. O caso é ainda mais grave diante da ausência de planejamento para o sepultamento, uma vez que os animais mortos estão misturados com óleo diesel que vazou do navio durante o naufrágio. Segundo uma fonte de Barcarena, o superintendente do Ibama em Belém, Alex Lacerda de Souza, teria negado a participação do órgão na expedição do documento autorizando a operação emergencial.

Se isso for verdade, a CDP teria assumido o risco de responder, até judicialmente, pela iniciativa de agir sem a autorização da Secretaria Estadual de Meio Ambiente e Sustentabilidade (Semas), que sequer foi consultada sobre isso. O blog Ver-o-Fato tentou falar agora à noite com o presidente da CDP, Parsifal Pontes, para ele esclarecer a participação do órgão no caso. O celular de Parsifal, porém, estava na caixa postal. O dirigente do Ibama, Alex Lacerda, também não foi localizado

O secretário da Semas, Luiz Fernandes Rocha, localizado pelo blog, lamentou o episódio, afirmando que o órgão tomará providências para que a população não seja ainda mais prejudicada. “Já lavramos multa diária de R$ 1 milhão caso a situação não seja resolvida”, explicou Fernandes. Perguntado se a Semas tinha conhecimento da autorização do Ibama à CDP para o sepultamento dos animais no terreno da Alça Viária, o secretário mostrou cópia do ofício enviado ao chefe do Ibama, Alex Lacerda, solicitando esclarecimentos. O ofício tem a data de ontem.

Veja o documento, abaixo.

doc

Fonte: Blog do Carlos Baía

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