O candidato à presidência Fernando Haddad (PT) se reuniu, na tarde desta quinta-feira (18), com um grupo de ativistas em defesa dos direitos animais em São Paulo. O encontro foi realizado para que o candidato pudesse ouvir as demandas e se posicionar sobre uma agenda de políticas públicas pelos animais. Haddad comentou que tem uma filha vegana que tem ensinado muito para ele sobre direitos animais e acatou o pedido dos ativistas de criar um órgão federal de proteção animal.
“Tenho em casa uma militante vegana que tem muita consciência e é muito emocionante você ter um filho ou uma filha que te ensine. Ela me provou que é uma causa justa”, afirmou Haddad. “Por enquanto, só ela é vegana. Mas nós reduzimos muito o consumo de proteína animal em casa em função do alerta que ela nos faz todo dia”, completou.
O candidato disse que é muito simpático à ideia de ter um órgão federal de proteção animal. “Precisamos desenhá-lo, mas já me comprometo a criá-lo”, disse Haddad, que também fez críticas a postura de Jair Bolsonaro e de sua equipe por negarem dados científicos sobre aquecimento global.
Outro assunto debatido no encontro foi a exportação de animais vivos. Haddad disse que recebeu material de diversas pessoas sobre o tema e que ficou impressionado com as condições as quais esses animais são expostos durante o transporte. “Não sei como alguém consegue consumir esse animal depois de tanto sofrimento”, reforçou Haddad. O candidato pediu também que os ativistas o ajudem “nesse tema especifico para gente fazer uma avaliação de que medida tomar”.
Uma carta assinada por 48 entidades de proteção animal foi lida durante o evento. “Nosso objetivo, portanto, é a ampla defesa dos animais não-humanos em todas as suas representações biológicas, garantindo-lhes o justo usufruto de suas necessidades mais fundamentais, tais como vida digna em completa liberdade, dotada de plena integridade física e psíquica, com franco acesso a sua ambientação ecológica originária e à espontânea manifestação de suas características inatas”, diz trecho do documento.
A presidente e fundadora da Agência de Notícias de Direitos Animais, Silvana Andrade, participou do encontro com Haddad e lembrou que os ativistas presentes no encontro estavam “representando mais de 150 ONGs que atuam em defesa dos animais no Brasil”.
“Eu quero agradecer ao Haddad por abrir um espaço tão importante para discutir a causa animal em um momento crucial da campanha. Estamos trazendo propostas justas, éticas e legais. E eu conto com a sensibilidade dele para atender a esses apelos. É uma causa que vem ganhando grande espaço na sociedade, porque a gente busca justiça, buscamos respeito e os animais, como nós, são seres sencientes”, disse Silvana.
A fundadora da ANDA lembrou ainda que “hoje (18) faz cinco anos que ativistas resgataram os beagles do Instituto Royal”. Um dos cães salvos, inclusive, esteve no encontro com o candidato à presidência. O resgate dos cães explorados em cruéis experimentos representa, segundo Silvana, um “marco histórico para a causa animal”. Ela lembrou que o criadouro que explorava os animais foi fechado e que “hoje temos outro patamar em relação aos testes”.
Além de um dos beagles resgatados, a cadela Babi também esteve no evento. No colo de Silvana, ela participou do encontro com o candidato para simbolizar, de acordo com a fundadora da ANDA, “outra causa que defendemos”. Silvana lembrou que Babi é provavelmente uma matriz explorada para reprodução e venda de filhotes. “Tem cerca de 14 anos, mas como está idosa e cega, ela foi abandonada próximo ao presídio de Suzano e virou mascote da ANDA”, contou Silvana.
Os ativistas aproveitaram o encontro com Haddad para entregar uma carta contendo propostas para a criação de uma agenda política para a causa animal. Leia abaixo a versão integral e a versão resumida do documento entregue:
Proposta de Agenda Política_haddad_17out2018
Contribuições aos animais enquanto prefeito de São Paulo
Fernando Haddad contribuiu com a causa animal quando foi prefeito da cidade de São Paulo. Haddad sancionou a lei que permite que animais sejam levados no transporte público, inaugurou o segundo hospital veterinário de São Paulo, no Tucuruvi, com 50 médicos veterinários, inaugurou um novo centro municipal de adoção de cachorros e gatos, sancionou a lei que proíbe foie gras nos restaurantes do município – a legislação, posteriormente, foi derrubada na Justiça por uma associação de restaurantes – e também sancionou a lei que autoriza pessoas em situação de rua a levar os animais que tutelam para abrigos, além de ter mantido o programa de castração de animais.