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Guanacos poderão ser protegidos por corredor que une reservas ambientais

11 de outubro de 2010
3 min. de leitura
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Por Danielle Bohnen (da Redação – Argentina)

O guanaco é um animal que simboliza a região da Patagônia argentina e foi peça fundamental para o desenvolvimento dos antigos habitantes desta parte do planeta. Mas devido às ações do ser humano nos últimos 25 anos, o animal que antes dominava a região, tem sofrido reduções populacionais drásticas em algumas áreas. O fato deve-se principalmente à caça desses animais, pois os caçadores se aproveitam da grande quantidade de trilhas abertas pelos petroleiros, até mesmo em lugares de difícil acesso, e assim exterminam uma quantidade impressionante de indivíduos da espécie.

No último quarto de século, 90% da população de guanacos foi dizimada na região de Auca Mahuida, estima o biólogo Andrés Novaro, diretor do programa Estepa Patagonica e Andina Conservation Society (WCS) na Argentina. Dentro deste contexto, cientistas e conservacionistas, com o apoio do “Consejo Nacional de Investigaciones Científicas y Técnicas” (Conicet) e municípios da província de Neuquén e Mendoza, criaram um projeto para desenvolver um corredor sem barreiras na Patagônia Norte: guanacos livres entre as duas províncias, para recuperarem o contato ancestral. A iniciativa tem como objetivo a proteção dos guanacos e também de outras espécies.

Se voltarmos há mais de um século no tempo, o que foi observado por exploradores e naturalistas em suas viagens pela selvagem e inexplorada Patagônia, vemos com assombrosa surpresa, como descreviam seus encontros frequentes com grupos de mais de cem guanacos e que a observação de outras espécies como choiques, pumas, maras, huemules e raposas, eram muito frequentes.

Tudo isso acontecia em um ambiente inóspito, onde os povos originários que habitavam a região caçavam animais para próprio sustento. Nsse cenário, os guanacos eram os herbívoros dominantes e nativos da paisagem e constituíam as principais presas dos pumas. Também acontecia um fenômeno que hoje está quase perdido: a migração dos guanacos, na busca por campos mais protegidos e baixos no inverno e bons pastos nos lugares mais altos durante o verão.

Na Patagônia Norte, as principais populações de guanacos encontram-se atualmente nas reservas La Payunia y Auca Mahuida, nas províncias de  Mendoza e Neuquén, respectivamente. Entre esses núcleos localizados em áreas protegidas, existem várias pequenas e distantes populações de guanacos, testemunhas vivas da conexão histórica entre as populações das duas províncias. Essa conexão tem sido confirmada por exames genéticos que mostram que as populações de Payunia, Auca Mahuida e as pequenas populações intermediárias são basicamente idênticas. Isso não significa que todos os guanacos de uma província viajavam necessariamente a outra, mas que, sim, com certa frequência, indivíduos de populações próximas cruzavam o rio Colorado e se reproduziam entre si, pois as populações se distribuíam de forma muito mais uniforme do que atualmente.

Segundo o Diário Rio Negro, é justamente para recuperar essa superfície de terreno de dois milhões de hectares, que a WCS, o Conicet, o “Grupo Ecología y Manejo de Vertebrados Silvestres” (Gemaver de Iadiza, Mendoza), junto a organismos ambientais e de áreas protegidas de Mendoza e Neuquén, elaboraram a proposta do Corredor del Guanaco Payunia-Auca Mahuida.

Trata-se de um corredor biológico que funciona como uma conexão entre setores de habitat e populações animais separadas por algum tipo de barreira natural ou humana. Portanto, sob a supervisão de agentes da guarda florestal, seria possível que os animais se distribuam entre setores de habitat favorável, que as plantas também se propaguem para estabelecerem-se em novos locais, que exista intercâmbio genético através da reprodução entre indivíduos de distintas populações e que os animais se movam em resposta às mudancas  ambientais graves, como uma grande seca ou outras mudanças climáticas.

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