A Plataforma Viver (P-V) anunciou na quarta-feira uma campanha em Dezembro contra a tradicional prática da matança do porco na Madeira por ocasião das festividades de Natal.
“Vamos fazer uma campanha em Dezembro contra a matança do porco que é uma coisa inédita na Madeira e que vai provocar alguma polémica”, disse Miguel Santos, dirigente da P-V a propósito do Dia Internacional do Animal que é comemorado hoje e que se estende até sábado no Jardim Municipal do Funchal.
Miguel Santos compara a matança do porco às corridas de touros no decorrer das quais são infligidas ao animal várias práticas sofredoras: “A matança do porco é a nossa tourada, é um espectáculo público.”
O responsável pelo P-V lembra, a propósito, que várias associações internacionais condenam os eventos públicos no âmbito dos quais os animais “são torturados e mortos mediante espectáculo”.
“É o que acontece na matança do porco em que o animal demora imenso tempo para morrer, sofre imenso, às vezes está ali horas até chegar à morte, é uma situação que, ponto de vista cultural e civilizacional, é inaceitável”, declara, acrescentando que a Plataforma “vai fazer uma campanha criticando precisamente a questão pública e de falta de controlo veterinário na matança do porco”.
Miguel Santos faz notar que “há muitos cientistas que pensam que o animal tem, de facto, uma capacidade, uma inteligência de antever o seu próprio futuro, que é um ser autónomo e ciente, que tem um sistema nervoso central que lhe dá o psiquismo para poder sentir as emoções e o sofrimento e que procura, por conseguinte, preservar a vida”.
A P-V manifesta-se também contra a utilização de animais em espectáculos públicos bem como o enjaulamento dos mesmos em lojas da especialidade e a matança, em canis, de animais saudáveis.
“A 25 de novembro, vamos participar numa iniciativa que tem caráter nacional e que consistirá na formação de um cordão humano em redor de um canil – que na Madeira será o canil do Vasco Gil – como protesto contra a morte de animais saudáveis devido à falta de espaço ou de meios financeiros”, revelou.
Miguel Santos aponta, na crítica à exibição de animais em espectáculos de rua ou outros, caso da coruja. “As corujas, que são animais noturnos, sofrem, fisiológica e biologicamente, por obrigarem-nas a estarem expostas à luz diurna. É uma questão que do ponto de vista científico, veterinário e ético é completamente condenável”, acusa.
Esta Plataforma, criada em julho e constituída por cidadãos que pretendem aprofundar a causa animal na Madeira, vai também desenvolver acções “ao nível dos animais de criação, dos aviários, procurando saber a maneira como os mesmos são criados” e defender a institucionalização do Estatuto Jurídico do Animal.
Palestras sobre o “Bem-estar animal” e a “Ética Animal, a bênção dos animais na igreja do Colégio, desfile canino, cerimónia interconfessional junto à estátua de São Francisco de Assis com leitura de textos são algumas das manifestações do programa alusivo ao Dia Internacional do Animal na Madeira organizado pela “Plataforma Viver”.
Associam-se à iniciativa todas as associações de defesa do animal existentes na Região: a SPAD – Sociedade Protetora dos Animais Domésticos, a Associação Animad, a Associação Nosso Refúgio, a AMA – Animais Madeirenses Abandonados, a Associação PATA e o Grupo informal Ajuda a Alimentar Cães (grupo criado nas redes sociais).
*Esta notícia foi escrita, originalmente, em português europeu e foi mantida em seus padrões linguísticos e ortográficos, em respeito a nossos leitores.
Fonte: DN Notícias