Todos os municípios do Grande ABC que já tinham iniciado campanha de vacinação antirrábica, ou programado para começar neste mês, suspenderam as vacinações atendendo à recomendação da Secretaria de Estado da Saúde. A exceção é São Caetano, que não foi notificado oficialmente e campanha está prevista para ocorrer entre 14 e 25 de setembro.
Diadema, que começaria a vacinar cães e gatos em 58 postos no sábado, emitiu comunicado informando sobre suspensão. Mauá também paralisou e aguarda novo posicionamento da Secretaria de Saúde.
Em nota, emitida na quinta-feira, o órgão estadual disse que a medida foi tomada depois de constatar que o número de reações adversas (prostração, anorexia, dificuldade respiratória, convulsões e hemorragias) notificadas à Coordenadoria de Controle de Doenças estava acima do observado em anos anteriores.
O maior número de reações ocorreu na Capital e em Guarulhos, onde aconteceram sete casos de choque anafilático resultando em seis mortes, sendo quatro gatos e dois cães. As cidades também interromperam o trabalho de imunização.
Na região, segundo veterinários ouvidos, o número de casos foi muito pequeno. “Aqui no consultório atendemos poucos. Mas muitos estão vindo com dúvidas e com medo da vacina, que não pode ser dada sem uma avaliação clínica. Caso apresente alguma doença não é aconselhável vacinar até que o animal se recupere “, explicou o veterinário Daniel Yoshimy Hato, que possui clínica em duas cidades do Grande ABC – Santo André e São Bernardo. Juntas, as duas unidades vacinaram cerca de 5 mil cães e gatos no último ano.
Por causa da praticidade e do baixo custo (R$ 20 a dose anual), muitos optam por dar a vacina na rede particular. “Sempre preferi dar no consultório veterinário porque o animal tem outras vacinas para tomar como a V8 ou V10 (imunizam contra diversas doenças virais)”, disse a aposentada de São Caetano Maria Luisa Lívero, 66 anos, tutora do cãozinho Billy, 14 anos.
Debora Eliana Estevam dos Santos, 42, gosta de cachorro desde pequena e sempre levou para vacinar em campanhas, até que uma notícia fez com que mudasse de ideia. “Atualmente, tenho dois cães que encontrei abandonados na rua. Fiz questão de levar no veterinário particular depois de saber que um cão do meu vizinho morreu dias depois de ser vacinado em campanha. Ele tinha cinomose e a vacina foi fatal”, contou Debora.
A aposentada Maria Ângela Rampasso, 54, também relatou que vacina seu animal na rede particular depois que Pingo, um vira-lata de 10 anos, morreu após tomar vacina na rede pública. “Aconteceu há muitos anos e o médico disse que poderia ter relação com a vacina, mas não ficou comprovado”, lembrou a aposentada.
O Ministério da Saúde emitiu nota afirmando que a campanha deve ser mantida no País, já que até o momento as reações estão abaixo do relatado na literatura internacional e do fabricante, além de ser recomendada pela OMS (Organização Mundial da Saúde) e utilizada em diversos países.
Fonte: Diário do Grande ABC