O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) confirmou no sábado (4) o diagnóstico de doença da “vaca louca”, como é conhecida popularmente a Encefalopatia Espongiforme Bovina (EEB). Os casos registrados em matadouros de Nova Canaã do Norte (MT) e de Belo Horizonte (MG) resultaram na morte das vacas.
Em decorrência da descoberta, as exportações de carne bovina para a China, principal exportador do produto, foram suspensas. De acordo com o MAPA, “todas as ações sanitárias de mitigação de risco foram concluídas antes mesmo da emissão do resultado final pelo laboratório de referência da Organização Mundial de Saúde Animal (OIE), em Alberta, no Canadá. Portanto, não há risco para a saúde humana e animal”.
Em 23 anos, foram registrados cinco casos de vaca louca atípica, incluindo os dois registrados atualmente. Nunca ocorreram, segundo o MAPA, diagnósticos de vaca louca clássica no país – isso é, quando animais são contaminados através da alimentação. Os casos atípicos são desenvolvidos em decorrência de uma mutação sofrida em uma única vaca.
De acordo com o Ministério da Agricultura, as duas vacas mortas após diagnóstico da doença estavam em idade avançada e foram encontradas adoecidas em currais.
Exportação de carne suspensa
Em cumprimento ao protocolo sanitário estabelecido entre China e Brasil, as exportações de carne de boi foram suspensas temporariamente. Até agosto, foram exportados US$ 3,54 bilhões em carne bovina fresca, refrigerada ou congelada para a China, que é o principal exportador, seguido de Estados Unidos e Chile.
Para alcançar números tão expressivos, os pecuaristas brasileiros que trabalham com exportação de carne bovina exploram milhares de bois e vacas. Nas fazendas e nos matadouros, esses animais vivem vidas miseráveis e são mortos precocemente.
O que é a doença da vaca louca?
A Encefalopatia Espongiforme Bovina é uma doença fatal, para a qual não existe tratamento, que acomete bois e vacas em idade avançada e provoca a degeneração do sistema nervoso, deixando o animal com um comportamento agressivo – por isso, recebeu o nome popular de doença da vaca louca.
O desenvolvimento da doença pode ocorrer de duas formas. Em casos atípicos, o animal tem seus neurônios destruídos por uma proteína infecciosa já presente de maneira natural em seu cérebro, mas que se multiplica de forma anormal e acelerada. Com a morte dos neurônios, o cérebro fica repleto de “buracos brancos”.
Além da mutação, as vacas também podem desenvolver a doença por meio de contaminação da ração usada para alimentá-las, caso uma proteína animal seja utilizada para a fabricação do alimento, como pode ocorrer com rações feitas a partir da farinha de carne e ossos de outras espécies exploradas para consumo humano. No entanto, no Brasil é proibido usar esses ingredientes na ração dos bois.
E embora não exista indícios de que as vacas transmitam a doença entre si, o governo recomenda que o pecuarista isole o animal infectado, mate-o e incinere seu corpo.
O sofrimento dos animais na agropecuária
O transporte cruel de animais, independentemente da espécie, é uma prática institucionalizada nas indústrias que os exploram para consumo humano. E sequer é escondida – como acontece com a maior parte dos horrores da agropecuária -, basta ter o azar de transitar pelas estradas no mesmo momento em que os caminhões que levam os animais para o matadouro para comprovar os maus-tratos.
As aves (galinhas e frangos) são confinadas aos montes em pequenas caixas. Em cada caixote, dezenas delas são colocadas, amontoadas umas sob as outras, sentindo dores e até sofrendo ferimentos. Porcos, bois e vacas também são transportados amontoados, em um espaço reduzido. Todos eles são forçados a suportar os próprios excrementos durante o transporte, além das condições climáticas. Nenhum consegue se deitar e descansar e pisoteamentos são comuns por conta das condições em que são transportados. Ferimentos ocasionados por freadas bruscas dos caminhões também são comuns.
Além disso, no caso da vida miserável vivida pelos bezerros, o que é ofertado a bebês inocentes e dóceis é medo, agonia, dor, desespero e sofrimento. Os destinos desses pequenos e frágeis animais são: a engorda para serem mortos dentro de meses ou, no máximo, pouco mais de um ano depois do nascimento; o aprisionamento em celas minúsculas para a produção de carne de vitela – neste caso, o bezerro passa meses preso, sem espaço para se locomover livremente, muitas vezes sem acesso à luz do dia, recebendo dieta pobre em nutrientes, para que não fortaleça seus músculos e dê origem a uma carne macia; ou os rodeios que os exploram para entretenimento humano, submetendo-os a práticas dolorosas como a prova do laço, na qual os bebês são laçados pelo pescoço, podendo sofrer lesões graves.