Redação ANDA – Agência de Notícias de Direitos Animais
É difícil acreditar que gorilas magníficos têm sido assassinados em grande número por causa de telefones celulares e consoles de jogos.
Os animais são assassinados pela chamada “carne de caça” por grupos de milícias e mineiros à procura de um minério chamado coltan, que contém tântalo, usado para fabricar capacitores em dispositivos eletrônicos modernos. Grande parte do coltan do mundo é extraída na República Democrática do Congo.
Observadores da vida selvagem testemunharam famílias inteiras de gorilas sendo massacradas por criminosos com metralhadoras.
Os gorilas das planícies orientais, que só são encontrados no Congo, foram recentemente adicionados às espécies criticamente ameaçadas na lista vermelha da União Internacional para Conservação da Natureza e estão a um passo da extinção. Eles são os maiores primatas do planeta.
Há 20 anos, antes da guerra civil no Congo – que deixou 5,4 milhões de pessoas mortas – havia 18 mil gorilas. Agora, estima-se que existam apenas 3.800 deles na natureza.
Esse é um declínio populacional de 80% em uma única geração. Atualmente, os guardas-florestais no leste do Congo têm pedido ajuda internacional para estes belos animais não desaparecerem para sempre.
John Kahekwa, que recentemente foi premiado com o Prince William Award for Conservation in Africa diz: “Vinte anos atrás, muitos turistas costumavam ver gorilas quando faziam trekking aqui”.
“Conseguir dinheiro nos permitirá construir a zona de amortecimento para que as pessoas não reduzam o habitat dos gorilas para a agricultura e a mineração. Passo muito tempo indo às comunidades para explicar como é importante protegermos gorilas. Mas é difícil para as pessoas aqui entenderem. Dizem-me que estômagos vazios não têm ouvidos”, completa.
John, que mora na cidade de Bukavu, criou uma fundação para incentivar os moradores a viverem em paz ao lado dos gorilas. A demanda global de coltan é tão grande que o boom da mineração descontrolada no Congo se estende por todo o refúgio dos gorilas.
O coltan do Congo é exportado para a China como pó de tântalo que é usado em capacitores eletrônicos.Durante anos, a milícia rebelde controlou o comércio de coltan e grande parte do habitat natural dos gorilas das planícies orientais.
Grandes mamíferos como os gorilas são mortos indiscriminadamente por suas carnes para alimentar os mineiros e as tropas famintas.
Um estudo recente identificou 69 grupos armados diferentes que operam nas principais áreas onde vivem os primatas. Outra ameaça tem sido a captura de jovens gorilas por caçadores. A disseminação da exploração madeireira e da agricultura na floresta montanhosa reduz ainda mais a capacidade dos gorilas de vagar livremente.
Estes primatas são os mais ameaçados das quatro subespécies de gorilas. A União Internacional para a Conservação da Natureza diz que sua população continua a diminuir em 5% a cada ano.
Apesar da sua temível reputação, baseada principalmente em conceitos equivocados formados por pessoas que veem gorilas frustrados em zoológicos, esses animais só atacam caso se sintam ameaçados.
O renomado biólogo Ian Redmond imita sons de gorila para deixar os animais à vontade. Ele visita o Congo e Ruanda há 40 anos. Um grupo de animais é monitorado pelos guardas-florestais.
Em outros lugares do país a presença de criminosos armados conhecidos como Mai-Mai torna impossível a vigilância. Cada celular contém cerca de 40 miligramas de tântalo. Na mina de coltan, acima de Rubaya, dezenas de jovens mineiros retiram o minério precioso.
Gigantes de mineração estrangeiros que vendem coltan lucram milhões de libras com fabricantes de telefones. Enquanto isso, acidentes continuam a acontecer nas minas remotas no Congo. Até 100 mineiros foram enterrados vivos quando uma mina de Rubaya desabou em 2013.
Ver um gorila é uma das coisas mais inspiradoras do mundo natural. Mas, nesta região remota e devastada pela guerra do Congo, eles correm um perigo mortal.
Em outra geração, essa visão pode ser impossível. Os gorilas governaram uma vez estas florestas; agora se encolhem escondidos, indefesos contra homens armados.
O minério precioso
Mais de dois terços do coltan do mundo são extraídos na África – a maioria em Ruanda e na República Democrática do Congo.
Em 2013, 260 toneladas de tântalo foram extraídas do coltan encontrado nas duas nações, quase a metade das 590 toneladas produzidas em todo o mundo.
A produção africana mais do que dobrou em uma década. Em 2004, mais de 800 toneladas de tântalo vieram da Austrália, mas a empresa faliu, segundo o Mirror.
A mineração é estreitamente controlada em Ruanda, mas, no Congo, a maior parte é administrada pelas gangues armadas e as batalhas por controle muitas vezes geram ainda mais conflitos.