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NOVA VIDA

Reserva de Lwiro acolhe macacos traumatizados pela caça no Congo

22 de fevereiro de 2022
Thayanne Magalhães
2 min. de leitura
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Chimpanzés descansam após se alimentarem no Centro de Reabilitação de Primatas de Lwiro (Foto: AFP)

Localizado a 45 quilômetros ao oeste de Bukavu, capital da província Kivu do Sul, no leste da República Democrática do Congo (RDC), o Centro de Reabilitação de Primatas de Lwiro (CRPL) acolhe chimpanzés, gorilas, bonobos (chimpanzés-pigmeus) e outros pequenos macacos órfãos ou resgatados da caça furtiva naquela região assolada pela insegurança fruto dos confrontos e ataques de dezenas de grupos armados.

Criados em 2002 pelo Instituto para a Conservação da Natureza (ICCN, um órgão público congolês) em conjunto com o Centro de Pesquisa em Ciências Naturais (CRSN), o CRPL se encontra em meio ao enorme e ameaçado Parque Nacional Kahuzi Biega, que conta apenas com 4 hectares de superfície.

Sozinhos ou em grupos, grandes macacos saltam de um galho ao outro enquanto as fêmeas, com os bebês em suas costas, abrem passagem na reserva verde, onde não são só bem alimentados, como também desfrutam de atendimento médico e psicológico para se recuperarem de seus traumas.

O centro acolhe atualmente 110 chimpanzés que consomem seis quilos de comida (frutas, cereais, verduras) diária per capita, enquanto os filhotes são alimentados com mamadeira.

A maioria dos macacos que vivem no CRPL foi “retirada de caçadores furtivos” ou “de pessoas que os têm de forma ilegal”, afirmou à AFP o diretor do centro, Sylvestre Libaku.

“Esses bebês chimpanzés órfãos chegam aqui como consequência da insegurança e da guerra”, acrescenta, enquanto pede às autoridades de Kinshasa para que pacifiquem esta região para “permitir que os animais vivam tranquilamente em seu habitat natural”.

Estabilizar um animal requer várias semanas e até meses de esforços. É, por exemplo, o caso de Tarzan, um chimpanzé que foi acolhido em junho do ano passado em Bunia (província de Ituri) e que ainda vive afastado, sob quarentena. Tarzan ainda apresenta feridas não cicatrizadas no crânio, mas “agora está melhor. Os pelos estão começando a crescer, mas ele ainda deve permanecer em uma gaiola antes de conviver com os outros”, explica Libaku.

Em seu laboratório, Damien Muhugura manipula as amostras tomadas de animais doentes. “Realizamos análises parasitológicas para buscar, por exemplo, vermes intestinais, assim como bacteriológicos e bioquímicos…”, explica.

Muitos animais vêm de grandes florestas, nas quais perambulam em absoluta liberdade, e aqui “se sentem prisioneiros”, devido ao espaço muito pequeno, afirma o veterinário Assumani Martin, que trabalha no CRPL.

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