A grife de alta-costura Armani divulgou nessa quarta-feira (1) que irá banir a lã de angorá de suas coleções da temporada outono-inverno 2022. A marca que usa couro, que é pele de vaca, na produção de diversos itens, como bolsas e cintos, começou a aderir ao movimento de proteção aos direitos animais e após décadas de participação dessa indústria cruel, vêm retirando matérias-primas de origem animal.
“Tenho o prazer de anunciar a retirada da lã de angorá de todas as coleções do grupo, no interesse de proteger a natureza”, disse o estilista Giorgio Armani em um comunicado.
Na casa Armani “a porcentagem de roupas com lã de angorá é muito baixa e planejamos substituí-las por materiais [que atendam] aos padrões mais rígidos em termos de bem-estar animal”, disse uma porta-voz do grupo à AFP. Não foi possível encontrar dados concretos da quantidade de peles recebidas pela grife anualmente. E apesar de proibir o uso dos coelhos-angorá, outros animais ainda são explorados pela Armani.
A marca italiana está entre outras grifes mundiais que começaram a adotar medidas que procuram minimizar a pegada de carbono e os impactos da indústria têxtil no meio ambiente. Grupos do setor, como Gucci, Zara, Burberry e H&M, querem desvincular suas marcas das cenas reais de animais explorados sendo escalpelados vivos e vivendo em terríveis condições de alimentação e bem-estar, mas não querem abrir mão de ganhar muito dinheiro com a vendas desses produtos.
Em 2013, o PETA (People for Ethical Treatment of Animals) lançou mais uma campanha de boicote a quaisquer produtos feitos com pele de animal, inclusive produtos feitos com coelhos-angorá, evidenciando os agricultores chineses que arrancam os pelos dos animais vivos.
A campanha mostrava vídeos e fotos dos momentos dos maus-tratos e tenta trazer para o palco das discussões, o modo como esses animais vivem para que alguém possa comprar um casaco. Segundo o Peta, 90% das peles de coelhos-angorá vem da China. A lã de angorá é famosa por ter a textura leve e sedosa singular dos animais dessa espécie.
Giorgio Armani anunciou em 2016 que estava renunciando ao uso de qualquer tipo de pele de animal em suas coleções, garantindo que atualmente existem alternativas válidas a essas práticas intoleráveis. Fundada em 1974, a empresa compactua com a prática do uso de pele animal desde a sua criação.
Nota da Redação: Todos os anos cerca de um bilhão de coelhos e 50 milhões de outros animais morrem na indústria de exploração de peles. Como nós, os animais nasceram para viver livremente. Manter um animal engaiolado para usar sua pele na produção de roupas é um dos crimes mais cruéis do ponto de vista ético. Infelizmente as leis vigentes ainda permitem que algumas espécies de mamíferos, principalmente o coelho, sejam aprisionados e comercializados apenas para satisfazer a ganância e os desejos inconscientes e cruéis de algumas pessoas. Não podemos mais aceitar calados este tipo de prática como também todas as outras que tratam os animais apenas como mercadoria ou objeto de decoração. As leis precisam avançar e proibir qualquer forma de manutenção de animais em cativeiro.