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ESPECISMO

Galo preso pela polícia por cantar de madrugada é alvo da intolerância humana

Colocado dentro do camburão, o galo foi levado para a delegacia, num ato injusto que desconsiderou que o animal estava sendo desrespeitado, já que cantar é seu direito, assim como falar é um direito humano

13 de junho de 2021
Mariana Dandara | Redação ANDA
3 min. de leitura
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Foto: Lúcia Lima/Prefeitura de Ivaiporã

O caso do galo preso pela Polícia Militar na última semana em Ivaiporã, no Paraná, é o reflexo do especismo e da intolerância da sociedade. Enquanto humanos conversam, divertem-se e fazem o barulho que julgarem necessário sem serem expulsos de seus lares e colocados em celas de presídios, um galo foi transportado dentro do camburão da polícia até uma delegacia por ter atendido aos seus instintos ao cantar de madrugada.

O breve canto do galo incomodou um vizinho, que acionou a PM alegando sofrer com perturbação do sossego. Ao fazer a denúncia por volta das 2 horas, o homem teria dito aos policiais que já havia conversado com o tutor do galo, mas que nenhuma providência foi tomada – sem considerar que é impossível, além de antiético, impedir que um galo exerça seus instintos.

Em atendimento a ocorrência, policiais militares foram ao local e o que se seguiu foi um show de especismo – isso é, uma forma de descriminação que leva a espécie humana a inferiorizar as demais, sentindo-se no direito de explorar, escravizar e matar animais em prol de interesses próprios.

Colocado dentro do camburão da polícia, o galo foi levado para a delegacia, num ato injusto que desconsiderou que o animal estava sendo desrespeitado, já que cantar é seu direito, assim como falar é um direito humano. Após ser presa, a ave foi recolhida pela Secretaria Municipal de Meio Ambiente. Ainda na delegacia, seu tutor, Elcio Antunes da Silva, assinou um Termo Circunstanciado de Ocorrência.

Foto: Polícia Militar

Na última sexta-feira (11), Silva decidiu vender o galo por temer trazê-lo de volta para casa e a situação se repetir. Objetificado, o animal novamente teve sua dignidade desrespeitada ao ser tratado como mercadoria pela segunda vez, já que havia sido comprado por Silva recentemente. Após a venda, ele foi levado para uma chácara.

O novo tutor, o empresário Elias Belarmino da Silva, garantiu que irá cuidar bem da ave, mas demonstrou interesse em novamente colocá-la na condição de mercadoria, desta vez passível de ser leiloada. “A gente teve a ideia de leiloar e reverter para ele [antigo tutor], para melhorar a vida dele. O galo vai ficar aqui na chácara, bem cuidado e vai estar num ambiente saudável para poder cantar à vontade”, disse o empresário.

Caso o leilão realmente seja realizado, o galo poderá parar em mãos mal intencionadas, sendo submetido ao risco de maus-tratos e de ser morto para consumo humano.

O antigo tutor, por sua vez, tem sido ajudado pela prefeitura, que se comoveu com a situação em que ele vivia. O homem, que é trabalhador rural e catador de lixo reciclável, será beneficiado por uma campanha de arrecadação de fundos iniciada pela administração municipal através de uma “vaquinha” virtual. O objetivo dele é reformar a casa onde mora com o dinheiro que for arrecadado.

Foto: Reprodução/Internet

Nota da Redação: a ANDA lamenta que uma vida seja tratada como mercadoria ou como um incômodo apenas por exercer seu livre direito ao canto e reforça a urgência de se conscientizar a sociedade acerca dos direitos animais para que situações como a ocorrida com o galo no Paraná possam não mais existir no futuro. Assim como qualquer ser vivo, os galos devem ser respeitados e ter seus direitos resguardados. Tratados como bens pelo ordenamento jurídico e pela população, esses animais são explorados, maltratados, torturados e mortos para atender aos interesses humanos. Ciente de que essa é a realidade da maior parte dos galos no mundo, a ANDA luta por um veganismo abolicionista que respeite os animais e o planeta, mantendo viva a premissa de que toda vida tem valor e que nenhuma é superior a outra.

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