Por Monika Schorr (da Redação)
No dia 16 de abril, Dia da Recordação do Holocausto, os animais foram lembrados em cerimônia fúnebre na cidade de Nova York. Entre os presentes estava uma sobrevivente de guerra húngara que perdeu seu pai e sua irmã nos campos de concentração nazistas e que tem dedicado sua vida a lutar contra as atrocidades que são cometidas contra os animais. A reportagem é do site Their Turn.
“O maior e interminável holocausto da história está acontecendo agora, bem debaixo dos nossos narizes, mas tem sido totalmente ignorado”, disse o organizador da cerimônia, Shimon Shuchat, descendente de uma família de judeus hassídicos do Brooklin. “Neste exato momento, mães vacas estão clamando pelos seus bebês que lhes foram roubados; porquinhos bebês estão sendo castrados sem analgésicos; pintinhos machos estão sendo atirados dentro de máquinas trituradoras onde são moídos vivos; macacos estão sendo barbaramente torturados em laboratórios de todo mundo; e milhões de animais de fazendas industriais estão fazendo a longa e aterrorizante viagem para o matadouro. Para que?”
A cada ano, nos Estados Unidos, cerca de 10 bilhões de animais terrestres e 50 bilhões de animais marinhos são assassinados para servir de comida.
Um dos fundadores do moderno movimento pelos direitos animais dos Estados Unidos, Alex Hershaft, é um sobrevivente do Holocausto e, semelhante ao Sr. Shuchat, ele não se intimida em traçar um paralelo entre aquele genocídio e o que acontece com os animais nas fazendas industriais e nos matadouros.
Antes de ter sido retirado clandestinamente do Gueto de Varsóvia, durante a Segunda Guerra Mundial, Hershaft, então um menino de cinco anos, viu judeus sendo espancados nas ruas pelos nazistas. Ele perdeu a maior parte de sua família durante a guerra, mas sua capacidade de sentir empatia fez com que conseguisse entender a semelhança entre crimes cometidos contra humanos e crimes cometidos contra animais. Em 1976, Dr. Hershaft fundou a organização que viria a tornar-se o Farm Animal Rights Movement (FARM), movimento pelos direitos animais.
Ao longo dos anos, a PETA, grupo de direitos animais, tem sido alvo de fogo-cruzado por usar as imagens do Holocausto, comparando os campos de concentração nazistas com as fazendas industriais. Alguns ativistas acreditam que a rejeição da comparação por parte do público-alvo pode enfraquecer a campanha. Outros ativistas apóiam a analogia. Importante destacar as palavras do escritor judeu Isaac Bashevis Singer, ganhador do Prêmio Nobel de Literatura, em 1978: “Considerando-se seu comportamento para com os animais, todos os homens são nazistas. Para os animais, a vida é um eterno Treblinka. Os seres humanos entendem bem o que é opressão quando eles são as vítimas. Caso contrário, quando não são as vítimas, eles impõem sua tirania cegamente, sem pestanejar.”
São os “gritos das vítimas esquecidas dos campos de concentração dos tempos atuais” que o Sr. Shuchat quis amplificar no Dia da Recordação do Holocausto, para que todos os ouvissem. Shuchat também espera mudar comportamentos: “Quando as cenas das fazendas industriais são mostradas lado a lado com as cenas do Holocausto, as pessoas podem enxergar que, na realidade, não há diferença. Se algumas dessas pessoas pararem de ingerir carne, então saberemos que estamos no caminho certo.”
Os participantes do cortejo fúnebre reuniram-se em Midtown, no começo da noite e, carregando cartazes e banners, seguiram para Times Square onde fizeram uma vigília à luz de velas.
Duas semanas antes do Dia da Recordação do Holocausto, a Alemanha anunciou que será o primeiro país no mundo a banir a trituração de animais vivos. Os pintinhos machos, nascidos na indústria de ovos e que representam 50 porcento do total de nascimentos, são jogados vivos numa máquina trituradora ou são sufocados até a morte, já que não irão botar ovos. Apenas na Alemanha, estima-se que 45 milhões de pintinhos machos são assassinados a cada ano.