A captação de água irregular aliada ao período seco fez com que a vazão do rio Formoso, em Lagoa da Confusão, tivesse uma queda este ano. Os animais sentiram as consequências. Com a diminuição do volume de água no rio, nove botos ficaram encalhados e tiveram que ser resgatados.
Ao todo, 25 pessoas do Instituto Natureza do Tocantins, Batalhão de Polícia Militar Ambiental do Tocantins, Instituto Nacional de Pesquisa da Amazônia (Inpa) e outros parceiros participaram da operação.
O resgate foi realizado no final do mês de agosto e repercutiu no país, após reportagem veiculada no Fantástico neste domingo (5). Um dos problemas este ano envolveu a agricultura. Os produtores são autorizados a construir pequenas barragens e retirar água para irrigação, mas este ano o Naturatins encontrou irregularidades.
Além disso, nos últimos dois anos faltou chuva na época normal. O déficit acumulado é de 600 milímetros. Por causa destes fatores, muitos rios praticamente desapareceram no estado. No rio Formoso, foram formados várias poços.
Os nove botos ficaram encalhados em uma destas lagoas. “O problema está sendo a alimentação. Como eles estão represados, agora no mês de setembro, quando a estiagem é maior, poderia faltar peixes para eles. Podem ficar vulneráveis a predadores, uma onça pintada, por exemplo”, explicou a veterinária do Naturatins, Grasiela Pacheco.
Os botos foram resgatados e transportados para o rio Javaés, também da bacia do rio Araguaia. Durante a operação, os pesquisadores aproveitaram para retirar amostras dos corpos dos peixes. A intenção é saber se tem algum tipo de doença e qual a genética deles, já que os botos são de uma nova espécie de boto cor-de-rosa, descoberta em 2014 por um grupo de pesquisadores do Inpa.
Os animais foram transportados em macas e colchões na traseira de uma camionete. Para cada animal, foram necessários seis homens para fazer o transporte. Durante o percurso, eles iam sendo hidratados. Apesar de delicada, a operação deu certo. Os botos foram devolvidos à água e ficaram protegidos, em um rio que não foi tão castigado pela seca.
A supervisora de fauna do Naturatins, Grasiela Pacheco, que participou do resgate dos botos contou que os animais encalhados estavam debilitados e sofriam sem alimento, já que a saúde dos peixes também estava sendo prejudicada por causa da seca.
Ela explicou que a amostra coletada da pele dos amimais é fundamental para o estudo dos pesquisadores. “As informações sobre a espécies são muito importantes para a tomada de decisão. Irão avaliar se existe alguma doença que está acometendo esses botos, tipos de contaminantes que podem estar na água, entre outras”, disse.
Fonte: G1