Davis Okoye é o personagem interpretado por Dwayne “The Rock” Johnson no mais novo filme de ficção científica e ação de Brad Peyton. Rampage conta a história de Davis, um primatologista – estudioso em primatas com ligações não-humanas – que se conecta com George, um gorila órfão que ele resgatou de caçadores.
Como se a trama amorosa animal não fosse o bastante, Rampage mostra um experimento científico que dá errado e afeta alguns animais e seus tamanhos: um lobo, um crocodilo e George, o gorila, crescem de tamanho, tornando-se mutantes enormes. A Weta Digital – mesma empresa de efeitos visuais responsável pelo Oscar com o filme “Planeta dos Macacos”, em 2017 – é quem gerou as imagens dos animais mutantes através de computadores.
Encarando os absurdos como principal temática, a trama tornou-se incoerente até mesmo para aqueles que estão no filme. O enredo sustenta-se no gorila, lobo e crocodilo que ficam enormes e violentos após um experimento científico ter dado errado. Cenas cômicas de Dwayne Johnson mostram a ironia partindo até mesmo do personagem principal ao se deparar com os três animais “mutantes”.
Animais criados na tecnologia
O filme Rampage tinha os ingredientes de um filme ao menos louvável, a favor dos direitos animais e bom incentivador contra a crueldade animal. Porém, produções que utilizam de animais inteligente e sensíveis a favor do entretenimento está explorando-os.
Animais não são atores, e filmes como Star Wars: O Último Jedi já provaram que é possível, sim, não utilizar animais vivos nessa produções altamente tecnológicas. Já é possível criar animais através de imagens geradas por computador e outras tecnologias avançadas. Portanto, é possível substitutos realistas dos animais sem explorá-los.
Muitas produções – como Planeta dos Macacos, The Walking Dead e Jurassic World – optaram, ao menos, por substituir todos os animais selvagens em suas gravações por imagens criadas tecnologicamente. Rampage, entretanto, utilizou cães, um rato e um lobo vivos.
Exploração de animais vivos
A crítica principal baseia-se no fato de que o filme, aparentemente a favor dos direitos animais, utilizou animais ainda vivos como atores. Nos sets de Rampage, de acordo com os produtores, foram utilizados animais reais de responsabilidade do Birds & Animals Unlimited (BAU), um fornecedor de animais para as indústrias cinematográficas.
Outros filmes além de Rampage alugaram animais da BAU. Centenas de produções marcantes como “Se Beber, não Case”, “Marley & Eu”, “Game Of Thrones” e “Piratas do Caribe” também alugaram animais para as gravações.
De acordo com informações da PETA, foi realizada uma investigação em que testemunhas oculares da PETA contam relatos de ex-funcionários da BAU. Foi evidenciada a negligência crônica contra os animais da BAU, incluindo que animais doentes e feridos ficaram sem cuidados veterinários adequados, e os animais foram confinados em recintos imundos e sem comida, para que ficassem com fome quando treinados para fazer truques.
A testemunha ocular da PETA descobriu, durante a investigação, a privação de alimento para dois gatos considerados ‘acima do peso’ por um treinador. Descobriu, também, uma coruja que foi mantida em um cercado de fezes, um porco que foi negado de cuidados veterinários para tratar feridas, e cães que viviam em canis com piso de concreto em locais extremamente frios.
Falsificações de documentos e relatos que evidenciam as condições absurdas e cruéis aos animais foram constatadas também pela investigação, que conseguiu inclusive comentários de funcionários vigentes da BAU na época, admitindo os maus-tratos. Após as denúncias, o Departamento de Agricultura dos EUA (USDA) inspecionou a BAU e citou-a por violar a Lei federal de bem-estar animal.
O entretenimento e a produção cinematográfica não devem ser inconsequentes, e é essencial não apoiar obras e filmes que utilizam exploração animal em sua realização.