EnglishEspañolPortuguês

TERRITORIALISMO

Ferimentos de capivaras na Lagoa são causados por brigas entre os animais, dizem biólogos

18 de julho de 2023
2 min. de leitura
A-
A+
Foto: Reprodução

O mistério em torno do que tem causado os ferimentos nas capivaras da Lagoa Rodrigo de Freitas, na Zona Sul do Rio, parece ter sido, finalmente, desvendado. Boa parte dos animais feridos são capturados e levados para o Centro de Reabilitação de Animais Silvestres, onde recebem atendimento ambulatorial. Os machucados na parte traseira do tronco da capivara macho Armando, encontrada na manhã de domingo, são típicos de brigas entre a própria espécie, segundo o veterinário responsável pelo Cras, Jeferson Pires.

“São ferimentos típicos de mordida. Há 19 anos atuo no Cras e quase a totalidade dos casos que recebo é resultante de briga entre elas. As capivaras são bastante territorialistas e os machos costumam ser briguentos. Na tentativa de expulsar um grupo ou um rival, elas se atacam com mordidas, principalmente na parte traseira e na lateral do corpo, pegando tronco e tórax”, explica o veterinário, que recordou ter atendido, uma única vez, um animal ferido com um arpão atravessado, há cerca de dez anos.

Nas fotos é possível ver os ferimentos em carne viva. Eles podem agravar caso algum inseto pouse e deposite larvas, causando um quadro infeccioso de berne – doença conhecida como miíase ou bicheira.

“Não é incomum que essa lesão evolua para um caso de bicheira. Uma mosca pode pousar no machucado e depositar larvas e parasitas, colocando em risco esse indivíduo. Nesses casos, é importante que tenha tratamento e aí fazemos a captura. Quando um animal que tem lesões não está com bicheira, a recomendação é que ele nem seja capturado, porque é um processo complexo e arriscado”, conta Jeferson.

Preocupados, alguns moradores chegaram a cogitar a possibilidade de apedrejamento dos animais que vivem no entorno da Lagoa. No Cras, não há registros de atendimento de nenhum caso desse tipo, seja de animais vivos ou mortos.

O biólogo Mário Moscatelli relembra que na região viviam ao menos oito indivíduos: o Armando, uma fêmea batizada como Margarida e seis filhotes. Em março deste ano, o corpo de Margarida foi encontrado às margens da Lagoa, no trecho em frente ao campo de baseball, na altura do corte do Cantagalo.

“Nos últimos dois anos e meio, temos testemunhado o desaparecimento de alguns indivíduos e encontrado alguns animais mortos. A última que morreu foi a Margarida. É preciso haver um protocolo para dar uma resposta mais eficiente e ágil para identificar o animal ferido. Pode ter sido briga entre eles ou uma maldade humana”, afirma Moscatelli.

Em nota, a Secretaria municipal de Meio Ambiente e Clima (Smac) afirmou que acompanha o caso da capivara Armando desde domingo e que “a Patrulha Ambiental esteve no local, ontem e hoje, mas não conseguiu localizá-lo”. Segundo retorno da patrulha, o animal por vezes volta para dentro das redes pluviais da região.

Fonte: Um Só Planeta 

    Você viu?

    Ir para o topo